O
sistema digestório, tanto nos seres humanos quanto nos anelídeos, tem como
função absorver os nutrientes provenientes da sua dieta e servir como fonte
energética para que as células possam desempenhar suas funções vitais.
O filo Anellida possui
aproximadamente 16500 espécies, sendo agrupadas em três classes, os
polychaetas, os oligochaetas e hirudíneas. O termo Anellida provem do latim
(annelus=anel + ida, sufixo plural) e é caracterizada por possuir animais que
apresentam metâmeros, ou segmentos, ao longo de sua estrutura corpórea.
Para
facilitar o nosso entendimento, utilizaremos a minhoca (Figura 1), um
representante dos oligochaetas (oligoquetas), que possui características
estruturais comuns a todas as classes de anelídeos.
Figura
2: filogenia que ilustra as diferentes linhas evolutivas apresentando os cordados
(ao qual incluem os seres humanos) e anelídeos
Mesmo que ambos possuam linhagens
evolutivas bastante distantes, algumas características morfológicas e
fisiológicas são similares entre os seres humanos e os anelídeos:
1- Ambos possuem um sistema
digestório completo, ou seja, possuem aberturas independentes, a boca e o ânus.
2- Sua digestão é extracelular, ou
seja, enzimas digestivas produzidas por glândulas especializadas são lançadas
em cavidades gastrointestinais que degradam os alimentos em pequenas
partículas, de modo a facilitar a absorção por parte das células.
3- Ambos apresentam boca, faringe,
esôfago, intestino e ânus.
4- O deslocamento do alimento no
trato digestivo se dá por movimentos peristálticos.
Por
outro lado, os anelídeos não possuem órgãos anexos como o fígado e o pâncreas,
que auxiliam no processo de digestão, não possuem dentes, tampouco estomago, e
seu tubo digestório, ao contrário do trato digestório humano, é um tubo
retilíneo que estende-se desde a boca até o ânus.
Figura
3: Estrutura do sistema digestório das minhocas.
CARACTERISTICAS:
O
sistema digestivo dos oligoquetas é basicamente um tubo reto, com vários graus
de especialização regional, particularmente em direção à extremidade anterior.
Nas minhocas, a boca leva a uma região anterior do trato bucal, uma faringe
muscular e um esôfago. A parte posterior do esôfago frequentemente apresenta
regiões dilatadas, formando um papo, onde fica armazenado o alimento, e uma ou
mais moelas musculares, que trituram mecanicamente o material ingerido. O
restante do tubo digestivo é dominado por uma região denominada intestino,
reta, derivada da endoderme, levando a uma curta região posterior proctodeal e
ao ânus, localizado no pigídio. A parte anterior do trato digestivo,
normalmente produz enzimas como carboidrase, protease, celulase e quitinase,
que são lançadas na luz do trato digestivo. Já a metade posterior do trato
absorve os alimentos para o do sangue. O que não é digerido é expelido em forma
de pelotas fecais.
REGIÃO
|
ESTRUTURAS
|
Parte
anterior
|
Boca,
faringe, esôfago, papo, moela
|
Parte
posterior
|
Intestino
e ânus.
|
Figura
4: corte longitudinal evidenciando a região anterior da minhoca
COMPARANDO
A título de esclarecimento, este
texto focará apenas em comparar os sistemas de ambos a partir das estruturas
encontradas no sistema digestivo das minhocas.
CAMINHO DO
ALIMENTO:
MINHOCA
Boca
→ faringe → esôfago → papo → moela → intestino → ânus
SERES
HUMANOS
Boca
→ faringe → esôfago → estomago → intestino delgado e grosso → ânus
HABITO
ALIMENTAR:
As minhocas possuem uma alimentação
baseada em matéria orgânica encontrada no solo, portanto, são animais
detritívoros.
Os humanos possuem uma gama
alimentar muito diversificada, desde alimentos de origem vegetal como também de
origem animal, portanto onívoros.
QUANTO A FUNÇÃO:
1- BOCA
Nas minhocas, a boca serve tão
somente como uma abertura que coleta a matéria orgânica presente no solo.
Talvez, a moela, um órgão muscular,
seria o que chegaria mais próximo deste conceito. Nela, a matéria orgânica é
triturada com o auxílio de grãos de areia que também são ingeridos juntamente
com o alimento.
Nos seres humanos, a boca exerce
basicamente duas funções, promover a mastigação do alimento por meio de uma
dentição e também dar início ao processo de digestão por meio da amilase
salivar secretada por glândulas situadas próximas a cavidade bucal, que
basicamente iniciam o processo de degradação dos carboidratos formando o bolo
alimentar.
2- FARINGE
Nas minhocas, a faringe tem por
função promover a captura dos alimentos por meio de um mecanismo de sucção,
criada pela contração dos músculos de suas “paredes”. Produz uma secreção
salivar que dá início à digestão da matéria orgânica ingerida.
Nos seres Humanos, a faringe
trata-se de um tubo em forma de um funil. É composta de músculo esquelético e
revestida por mucosa. Atua tanto na respiração quanto na digestão, através da
nasofaringe e da orofaringe, respectivamente. Recebe o bolo alimentar formado
na boca e o encaminha para o esôfago através de contrações musculares das parte
oral e laríngea da faringe.
3- ESÔFAGO
O esôfago de muitos oligoquetas
podem apresentar regiões mais espessadas, onde estão localizadas evaginações
lamelares revestidas por tecido glandular. Essas glândulas calcíferas removem o
cálcio do material ingerido em forma de calcita no trato digestivo, neutralizam
a acidez dos alimentos, produzindo húmus com pH neutro ou ligeiramente alcalino
e como não são absorvidas são expelidas pelo ânus
Nos seres Humanos, o esôfago secreta
muco e transporta alimento para o estômago. Não produz enzimas digestivas, e
não participa da absorção. A passagem de alimento da parte laríngea da faringe
para o esôfago é regulada, na entrada do esôfago, pelo esfíncter esofágico
superior. O alimento é empurrado através do esôfago, por uma progressão de
contrações e relaxamentos coordenados e involuntários, chamada peristalse ou
peristaltismo.
4- PAPO
O Papo, nas minhocas, funciona como
uma câmara de armazenamento, amolecendo e umidificando o alimento, preparando-o
para a etapa seguinte, que é a de trituração por parte da moela.
Talvez, o órgão que possua certa
similaridade, nos humanos, seja o estômago, que macera o alimento a partir de
movimentos chamados ondas de mistura,
que nada mais são do que movimentos peristálticos e ondulados suaves,
misturando-o com secreções das glândulas gástricas, reduzindo-o a uma massa
semilíquida denominada quimo.
5- INTESTINO
O Intestino, nas minhocas,
representa cerca de ¾ do seu corpo. A
digestão ocorre extracelularmente. Após a digestão extracelular, o alimento é
absorvido. No intestino de Pheretima, mais ou menos na altura do trigésimo
segmento, existem duas expansões laterais: os cecos intestinais. No intestino,
na porção que continua por trás dos cecos, existe uma prega longitudinal
interna, o tiflossole (Figura 5). Ambas as estruturas, cecos e tiflossole, têm
o mesmo significado funcional: aumentar a superfície de contato com o alimento
digerido, fornecendo assim uma maior superfície de absorção.
Figura
5: Corte transversal do corpo de um oligoqueta. Apresenta a estrutura
Tiflossole.
Nos seres humanos, a conclusão da
digestão se dá no intestino delgado e posteriormente no intestino grosso. No
delgado ocorre a digestão dos nutrientes através de diversas enzimas digestivas
produzidas no fígado, pâncreas e pelo intestino delgado. O intestino grosso
absorve um pouco de água, íons e vitaminas; as bactérias do intestino grosso
convertem proteínas em aminoácidos, decompõem aminoácidos e produzem um pouco
de vitamina B e K. Os movimentos de propulsão multi-haustral, peristalse e
peristalse em massa guiam o conteúdo do colo para o reto.
6- ÂNUS
Nas minhocas, o ânus é a porção
final do trato digestivo, estrutura qual que fica responsável por expelir os
restos não aproveitáveis da digestão.
Nos seres humanos, assim como na
minhoca, é uma estrutura que por onde as fezes são eliminadas. Abriga
esfíncteres anais, um interno formado por músculo liso (involuntário) e outro
esfíncter externo formado por musculo esquelético (voluntário). Normalmente se
mantem fechados, exceto durante a eliminação das fezes.
Escrito por Silas Cunha
REFERÊNCIAS:
Digestão
extracelular,
disponível em:
<http://wikiciencias.casadasciencias.org/wiki/index.php/Digest%C3%A3o_Extracelular>
Características
das minhocas, disponível
em:
<http://fdr.com.br/formacao/2013/compostagem-e-minhocultura/caracteristicas-das-minhocas/>
Anelídeos,
disponível em:
<http://www.coladaweb.com/biologia/reinos/anelideos
>
TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 10ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
BRUSCA, Richard C. BRUSCA. Gary J. Invertebrados. 2. ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fonte das imagem:
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
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