A
embriologia é a ciência que estuda o desenvolvimento embrionário de organismos
vivos. Alguns estudos demonstram que há uma grande homogenia nos
primeiros estágios do desenvolvimento de várias espécies animais. Isto se
amplia de acordo com as semelhanças compartilhadas
que ocorrem entre espécies diferentes na
fase adulta.
Imagem I:
Embriologia comparativa, mostrando as semelhanças nos primeiros estágios do
desenvolvimento embrionário.
Nos seres humanos este desenvolvimento inicia-se na
fecundação do ovócito pelo espermatozóide, processo que gera o zigoto. Este
zigoto é protegido pela zona pelúcida, que envolvia o ovócito. Passadas vinte
e quatro horas após a fecundação o
zigoto forma duas estruturas chamadas blastômeros
(células provenientes da divisão inicial), a partir daí estas células sofrem um
encadeamento de divisões mitóticas que chamamos de clivagem. Depois de algumas
divisões teremos uma estrutura maciça de células, que se chama mórula.
Imagem II: Processo
de clivagem até a mórula.
Aproximadamente
três ou quatro dias após a fecundação o zigoto chega ao útero, passando para uma
fase chamada blástula.
Na fase blastocística o
zigoto, agora chamado blastocisto, se
implanta no endométrio, e induz as células a se deslocarem para a parte
periférica propiciando o surgimento
de uma
cavidade chamada blastocele.
Já no quinto dia temos o desaparecimento da
zona pelúcida e a diferenciação do trofoblasto (células epiteliais) em citrotofoblasto ou embrioblasto e sinciciotrofoblasto.
O embrioblasto reveste a
parte interna
do blastocisto e sofre modificações formando uma placa bilaminar (hipoblasto e epiblasto).
Enquanto o sinciciotrofoblasto reveste
a parte de fora e é
responsável pela nidação.
No fim da primeira semana, temos o blastocisto implantado no endométrio o qual
já vai sendo nutrido pelo sangue materno. Após nove dias, surge um espaço
entre as células do epiblasto chamada
cavidade amniótica, que está ligada ao citotrofoblasto pelo
âmnio. Do hipoblasto surge a cavidade vitelina primitiva ou
cavidade exocelômica.
Imagem III: Estruturas
vistas ao fim da primeira semana.
Até completar duas semanas alguns vasos
sanguíneos vão surgindo
no mesoderma intra-embrionário (células
que revestem o saco vitelino). Surge, também, a cavidade coriônica,
que se expande e separa o âmnio do citotrofoblasto. Quando
entramos na terceira semana damos inicio a formação dos sistemas (organogênese). Para isso, o zigoto, agora
chamado de disco embrionário, sofre algumas modificações. A primeira
e principal delas
é a gastrulação (invaginação dos
tecidos embriónarios),
onde se
forma a linha primitiva e o
nó primitivo. A
partir da
linha primitiva podemos identificar os lados direito e esquerdo, as
superfícies dorsal e ventral e o eixo céfalo-caudal. Ainda
na gastrulação,
surge a futura cavidade pericárdica e o miocárdio além do tubo cardíaco e
algumas estruturas que darão origem
à aorta. Podemos observar, também, o
átrio e o ventrículo primitivo, que serão
divididos em suas câmaras específicas devido a torção do tubo
cardíaco. Mais ou menos no vigésimo dia
surgem os somitos que darão origem a
grande parte do esqueleto axial e aos músculos que se associam a ele. Devido a
formação do tubo neural, da notocorda,
do celoma e do mesoderma extraembrionário,
a gástrula
agora passará a se chamar nêurula.
Imagem IV: Neurulação corte
transversal.
Por volta do vigésimo segundo dia,
surgem duas
vesículas ópticas que se originam do ectoderma,
essas vesículas são denominadas olhos rudimentares. Ao
fim da terceira semana o sangue já circula no coração primitivo, e o embrião
também já tem
o broto das pernas e dos braços além de boca
e ouvidos rudimentares.
Imagem V:
Embrião no fim do primeiro mês.
Na quarta semana o embrião se dobra lateral
e longitunalmente,
formando um "C". Uma parte do saco vitelino se torna o intestino
primitivo, o endoderma dá origem
a parte do epitélio e a algumas glândulas
digestivas. Nessa fase o embrião já tem uma cabeça embrionária definida, a qual
sofre uma flexão que da origem a membrana orofaríngea. Esta leve flexão também
posiciona o encéfalo na
parte mais externa do embrião, e o coração ventralmente.
No fim da quarta semana os primórdios dos
principais órgãos já estão formados.
Nos
dois primeiros meses dizemos que o feto é
assexuado, pois os dois sexos se desenvolvem de maneira igual, e, ao final do
segundo mês as gônadas se
diferenciam em ovários ou testículos. A diferenciação se deve aos cromossomos X e Y: quando o Y se manifesta o
embrião se desenvolverá homem, suas características e hormônios serão específicos ao
seu sexo. Já quando o Y não se manifesta o embrião será mulher, e assim sendo,
desenvolverá características femininas. A formação do órgão sexual se dá
pela presença de dois ductos, o ducto de Wolff
formará os órgãos reprodutivos masculinos,
onde os testículos
se desenvolvem na
cavidade abdominal e só descem
para o escroto no fim da gestação, e o ducto de Muller que formará os órgãos reprodutivos femininos.
Imagem VI:
Feto com aproximadamente 2
meses e
meio.
A partir da oitava semana, o feto está
praticamente formado e em processo de maturação dos órgãos, principalmente
pulmões e coração. Quando chega à trigésima oitava
semana o bebê já está
pronto para nascer.
Imagem VII: 38ª
semana de gestação.
Nos sapos (anuros) o desenvolvimento não se
difere muito
do desenvolvimento humano, porém, por
serem anfíbios de vida dupla, existem
algumas diferenciações específicas. A fecundação desses animais, por
exemplo, é
externa, e acontece em água doce e parada onde a fêmea coloca seus ovócitos
para serem fecundados. O macho despeja o líquido seminal sobre o cordão
gelatinoso que envolve os ovócitos. O
ovo formado dessa fecundação não tem casca e é envolto por uma cápsula
gelatinosa. O mesmo é dividido em dois polos,
um vegetativo e o outro animal, no vegetativo encontramos uma maior
concentração de vitelo (material que nutre o embrião). Logo após a
fecundação o ovo sofre uma rotação, que, neste
caso, chamamos
de rotação de equilíbrio,
a qual o
posiciona com o polo animal em cima e
o vegetativo em baixo. A primeira clivagem acontece no polo animal, nesse
processo de segmentação algumas células são diferenciadas em micrômeros no
polo animal e macrômeros no
polo vegetativo. As células do polo animal darão origem ao ectoderma,
as células da parte do meio darão origem ao mesoderma, e o polo
vegetativo originará o endoderma.
Esta sequência de fatores dá origem a
mórula e logo após a blástula.
Imagem VIII:
Blástula.
O processo de gastrulação se
dá aproximadamente 15 horas após a fecundação, nesse processo ocorre a embolia,
ou seja, a invaginação,
de uma estrutura chamada
lábio dorsal do blastoporo.
Devido a este processo a blastocele some e acontece o dobramento do intestino
primitivo (arquêntero). Nesse
momento, já conseguimos diferenciar as partes anterior, porterior,
dorsal e ventral do embrião, onde a região
posterior define a cauda enquanto a anterior define a cabeça.
Imagem IV:
Embrião com aproximadamente 20 horas de fecundação.
Na etapa da neurulação,
teremos a formação da placa neural que originará o
tubo neural o qual dará origem
ao encéfalo e
a medula. Enquanto acontece esse processo, o coração primitivo também é
formado. A mesoderme se
diferencia em somitos e celoma, que é
todo rodeado por duas camadas
celulares chamadas somatopleura (externa)
e esplancnopleura (interna).
Algumas células já
começam a se diferenciar parar formar especificamente células sanguíneas,
musculares e epiteliais. Após 30 horas já
podemos notar o modelamento da
cabeça, dos olhos e dos botões braquiais. Os botões servem paras
trocas gasosas feitas até
o fim do processo.
Imagem X: Processo
de neurulação.
Após 30 horas já
podemos notar o modelamento da
cabeça, dos olhos e dos botões braquiais. Os botões servem paras
trocas gasosas feitas até
o fim do processo. Aproximadamente 118 horas após a fecundação o coração
termina de ser formado e já
começa com os batimentos cardíacos precoces. O pulmão primitivo já
está formado, assim
como as brânquias,
a cauda e a boca, que
antes estava colada, agora se
abre e a larva eclode
do ovo se tornando livre. Quando se aproxima do sétimo dia o
girino entra num estágio de metamorfose, os membros posteriores são formados
enquanto os anteriores são desenvolvidos internamente no corpo .
Cerca de cinco horas depois de formados, os membros anteriores são projetados
para fora. Para o fim da metamorfose a boca
é ampliada, as brânquias se atrofiam e a cauda é absorvida. O
intestino também sofre uma redução significativa. Estes fatores marcam o fim da
metamorfose e indica que agora o indivíduo está pronto para se emergir da água
para o solo, como um sapo miniatura.
Imagem X: Ciclo embrionário
dos anuros.
Escrito por Thamires Souza
Referências
MOORE, KEITH L.; PERSAUD, T. V. N. ; TORCHIA, MARK G. Embriologia básica: Medicina e saúde - anatomia e fisiologia humana. 9ª ed. Elsevier, 2016.
TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Anatomia Online. Disponível em: http://anatomiaonline.com/introducao-a-embriologia/ Acesso em 22 de Setembro de 2016.
Hill, M.A (2016) Embryology - Frog Development.
Disponível em: https://embryology.med.unsw.edu.au/embryology/index.php/Frog_Development Acesso em 22 de Setembro de 2016.
Discover Development. Disponível em: http://www.discoverdevelopment.com/PhP/AboutSite.php Acesso em 22 de Setembro de 2016.
Referências das Imagens
Imagem
I: Disponível
em: http://www.colegioweb.com.br/origem-da-vida-e-evolucao/a-embriologia-comparada.html Acesso
em 20 de
Setembro de 2016.
Imagem II: Disponível em: http://www.hiru.eus/image/image_gallery?uuid=b6b169d6-c474-4150-b5ed-6211d7abd884&groupId=10137 Acesso
em 20 de
Setembro de 2016.
Imagem III: Disponível em: https://seikienokawa.wordpress.com/2008/10/06/segunda-semana-de-desenvolvomento-embrionario/ Acesso
em 20 de
Setembro de 2016.
Imagem
IV: Disponível
em: http://blogdoenem.com.br/embriologia-revise-neurulacao-biologia-enem/ Acesso
em 21 de
Setembro de 2016.
Imagem V: Disponível em: http://www.clubedobebe.com.br/manual%20da%20gestacao/oprimeiromes.htm Acesso
em 21
de Setembro de 2016.
Imagem
VI: Disponível
em: http://julioelito.com.br/11_25.asp Acesso
em 21 de
Setembro de 2016.
Imagem
VII: Disponível
em: http://bioug.blogspot.com.br/2012/11/1.html Acesso
em 22 de
Setembro de 2016.
Imagem
VIII: Disponível
em: http://animalandia.educa.madrid.org/imagen.php?id=28524 Acesso
em 22 de Setembro de 2016.
Imagem IX: Disponível em: http://julioelito.com.br/11_25.asp Acesso
em 22 de Setembro de 2016.
Imagem X: Disponível em: http://www2.ibb.unesp.br/Museu_Escola/Ensino_Fundamental/Origami/Documentos/Anfibios.htm Acesso
em 22 de Setembro de 2016.
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