As
espécies variam sua excreção de compostos nitrogenados de acordo com disponibilidade
de água que o organismo está sujeito, podendo ser essas excretas liberadas na
forma de amônia, ureia ou ácido úrico e alguns sais minerais. Para que ocorra a
eliminação desses compostos é preciso diferentes tipos de órgãos osmorreguladores
que, no caso dos mamíferos, será pelo rim (Figura 1) e nos elasmobrânquios pelo
o rim e suas glândulas de sal (RANDALL et al, 2000).
Figura 1) Representação
esquemática do rim humano.
Fonte: RANDALL et al, 2000.
Nos
mamíferos o rim tem como unidade funcional o néfron, formado pelo corpúsculo
renal (figura 2) e uma estrutura tubular (figura 3). O corpúsculo renal é formado por um enovelado de capilares advindos
da arteríola aferente, que se divide em 5 a 8 ramos e posteriormente subdivide
em 20 a 40 alças capilares. As alças capilares são compostas por células
mesangiais (figura 2), que possui elementos contrateis e desempenha função de
fagocitose dos agregados moleculares presos na parede do glomérulo, dando
origem a arteríola eferente do glomérulo (AIRES, 2015). A filtração glomerular acontece
devido a existência de uma descontínua rede de células endoteliais formando
fenestrações que permitem a passagem de substâncias, mas impossibilita a
passagem de elementos figurados do sangue (AIRES, 2015).
Figura 2) Representação esquemática do glomérulo humano.
Fonte: Randall et al, 2000.
Figura 3) Representação esquemática do néfron humano.
Fonte: Aires, 2015.
Randall (2000) descreve que as regiões que
formam a estrutura tubular são
chamadas de túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal e o ducto coletor. O
túbulo proximal realiza a concentração do filtrado vindo do glomérulo, e
reabsorve parte desse filtrado (sódio, potássio, cloreto, água entre outros) por
transporte ativo, no qual, cerca de 75% desse produto do glomérulo é
reabsorvido antes de alcançar a alça de Henle. Esta absorção se deve a existência
de uma bordadura em escova contendo numerosas microvilosidades (figura 4),
lembrando que o glomérulo é revestido pela capsula de Bowman. A alça
de Henle é formada por 3 porções: uma porção fina descendente contendo
algumas mitocôndrias e nenhuma bordadura em escova, apresentando grande
permeabilidade de água e baixa absorção de NaCl e uréia a favor do gradiente osmótico;
uma porção ascendente delgada com reabsorção de NaCl mesmo não possuindo transporte ativo, e não reabsorve
água e uréia; e uma porção ascendente grossa que difere do restante da alça de
Henle, pois demonstra a existência de transporte
ativo do lúmen para a interstício responsável por grande reabsorção de NaCl
e elevada reabsorção de Mg+ (
RANDALL et al, 2000; AIRES, 2015).
Figura 4) Representação esquemática da microvilosidade (bordadura em escova).
Fonte: Randall
et al, (2000).
O túbulo distal é uma região apical com poucas
microvilosidades e rico em mitocôndrias; este, por sua vez, reabsorve NaCl,
bicarbonato e cálcio, além de secretar hidrogênio e amônia; e pode tanto
secretar como absorver potássio. A
secreção de hidrogênio e potássio e a reabsorção de sódio são estimuladas pela aldosterona
(AIRES, 2015).
A última porção do néfron é chamada de ducto coletor, este, por sua vez, tem
grande variedade de células, dentre as quais, as células intercalares tipo α são responsáveis pela
secreção ativa de H+ e K+ e as
células intercalares tipo β
secretam bicarbonato se o indivíduo tiver uma dieta alcalina (AIRES, 2015). A
absorção de água é aumentada devido a ação do hormônio antidiurético-ADH,
permitindo homeostase com o interstício hipertônico. Na ausência do ADH não há
reabsorção de água pelo ducto coletor, podendo então haver a reabsorção de
soluto, devido ao meio ter tornado o meio intratubular hipotônico pela
reabsorção de soluto.
Como
visto o néfron humano consiste em concentrar a urina, possibilitando a produção
de urina hipertônica. Já os elasmobrânquios apresentam feixes tubulares que retém
a uréia do filtrado com o objetivo de conservar o composto nitrogenado para
regulação do plasma comparado com a concentração hipertônica de NaCl existente
no oceano, dessa forma os elasmobrânquios necessitam de órgãos osmorreguladores
extra-renais eficientes como a glândula
retal que possui um grande número de túbulos de fundo cego e que se abre
próximo ao reto para eliminar a quantidade de NaCl extracelular do organismo (RANDALL et al, 2000).
Randall
et al. (2000) descreve que o líquido produzido pelo órgão tem concentrações de
sal mais alta do que do oceano, mas isosmótico comparado ao plasma sanguíneo do
peixe, devido ao ajuste oferecido pelas altas concentrações de uréia e de óxido
de trimetilamina (OTMA), os quais não são excretados pelo peixe. A regulação
osmótica só acontece devido a membrana basolateral apresentar bombas de Na+/K+
e canais de K+, que geram um gradiente de sódio permitindo a excreção
de NaCl por um sistema de transporte. Quando Na+/K+ passa
pela membrana basolateral o nível eletroquímico de Cl- no meio
intracelular aumenta, e então, começa a sair pelos canais de cloreto o Cl-
em excesso, dessa forma cria um gradiente eletroquímico para difusão de
Na+onde a
água irá transportar o íons de NaCl, resultando no soluto da glândula retal (Figura 5) (RANDALL et al, 2000).
Figura 5) Representação esquemática da glândula de sal.
Fonte:
Randall
et al, (2000).
Escrito por Eriks Oliveira
Referências
AIRES,
M. M. Fisiologia. 4.ed. Rio de
Janeiro. Guanabara Koogan,
2015. 682- 688 p.
RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCK, K. E. Fisiologia Animal: Mecanismos e Adaptações. 4. ed. Rio
de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 547-566 p.
Referência
das imagens
Imagens
II) AIRES, M. M. Fisiologia. 4.ed.
Rio de Janeiro. Guanabara Koogan,
2015. 682- 688 p.
Imagem I, III, IV e V) RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCK, K. Eckert - Fisiologia Animal: Mecanismos e
Adaptações. 4. ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2000. 547-566p.
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