A hipófise
humana é uma glândula alojada na fossa hipofisária do osso esfenoide, que está
intimamente conectada ao sistema nervoso central (SNC), mais especificamente ao
hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário estabelecendo relações fisiológicas e
anatômicas importantes na secreção hormonal (AIRES,
2015).
Dividida basicamente em adeno-hipófise e
neuro-hipófise (imagem 1) a glândula tem sua origem embriologia distinta na
formação de suas duas porções. A adeno-hipófise provém da bolsa de Rathke, ou
seja, uma evaginação do teto da cavidade oral, com células características de
tecido epitelial, já a neuro-hipófise constituída de células glias origina-se
da projeção do assoalho do hipotálamo (AIRES,
2015).
Imagem
1) Representação
esquemática da origem embrionária do eixo hipotálamo-hipofisário.
Fonte: Aires, (2015).
Adeno-hipófise
Constituída de diversas
células, a adeno-hipófise apresenta células que sintetizam e secretam hormônios
proteicos: as somatotróficas liberadoras de hormônio do crescimento (GH), as lactotróficas liberadoras de prolactina (Prl); células que
sintetizam e secretam hormônios glicoproteicos: as células tireotróficas liberadoras de hormônio tireotrófico (TSH), as
células gonadotróficas liberadoras
de gonadotrofinas (os hormônios luteinizante (LH) e o hormônio
foliculestimulante (FSH)); e as células que sintetizam e secretam hormônios
peptídicos: as células corticotróficas liberadoras
de hormônio adrenocorticoticotrófico
(ACTH). As somatomamotróficas, outro
tipo celular tem a capacidade de secretar tanto GH quanto Prl como visto são
hormônios proteicos. (AIRES, 2015).
De acordo com
Aires (2015) as funções e os efeitos biológicos dos respectivos hormônios são:
·
O hormônio tireotrófico (TSH) induz a
alteração nas células tireoidianas tanto morfologicamente quanto nos aspectos
funcionais, ocorrendo hipertrofia e hiperplasias dessas células, estimulo da
síntese de tireoglobulina e estimulo de proteínas responsáveis pela síntese e
secreção dos hormônios tireoidianos, os quais participam do controle metabólico
do organismo.
·
As gonadotrofinas
(LH e FSH) no corpo da mulher irão agir fundamentalmente nas gônadas, nas
quais, estimulam o crescimento e diferenciação tornando o órgão funcional para
a reprodução através da maturação dos folículos ovários; a ovulação também é
estimulada pelo LH e FSH, além da produção de estrogênio e progesterona, regulação
dos gametas femininos, estimulação da ploriferação do endométrio e inibição da
contração uterina. Nas gônadas dos homens as gonadotrofinas irão estimular a
espermatogênese, síntese final de testosterona e síntese de ABP uma proteína
ligante que permite grande concentrações de testosterona nos túbulos
seminíferos para a maturação dos espermatozoides.
·
O hormônio do crescimento (GH) age no
crescimento o esqueleto através do estimulo da síntese de colágeno, atuando
assim na proliferação do tecido cartilaginoso. Sabe-se que o GH tem ação na
síntese de proteínas pelo estimulo no transporte de aminoácidos e também tem
ação sobre o metabolismo de carboidratos e lipídios pelo aumento da lipólise e
diminuição da utilização da glicose pela supressão dos efeitos da insulina.
·
O hormônio da prolactina (Prl) tem grande
participação na gravidez juntamente com a progesterona, estrogênio, lactogênio
placentário, insulina e cortisol ao preparar as glândulas mamarias para a
secreção de leite no período de lactação. Há indícios que a Prl possa inibir a
expressão de receptores de LH e FSH nas gônadas, levando quando em excesso à
diminuição a ligação dessas gonadotrofinas, no qual, está relacionado a graus
de esterilidade feminina.
·
O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) age
na interação de células alvos com receptores específicos da membrana plasmática,
no qual, vão estimular a síntese e secreção de glicocorticoides,
mineralocorticoides e esteroides androgênicos, existindo evidencias de auxílio
no estimulo da síntese de mRNA e de proteínas adrenais; no tecido adiposo promove a lipólise, no tecido muscular auxilia na
ligação de aminoácidos e glicose, promove, nas somatotróficas, a secreção de
GH e nas pancreáticas estimula a secreção de insulina.
Como visto em
humanos a hipófise de peixes (imagem 2) também é dividida em adeno-hipófise e
neuro-hipófise (LEVANVI-SILVAN et al., 2010). A adeno-hipófise de peixes é
subdividida em pars intermedia, que
encontra-se as células produtoras de melanotropina
(MSH) e somatolactinas (SL); enquanto na outra
porção, da neuro-hipófise, terá a rostral
pars distalis, na qual, localiza-se as células produtoras de GtHs, tireotropina
(TSH), hormônio de crescimento (GH), a proximal
pars distalis, onde encontra-se as células produtoras de prolactina (Prl) e
de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) de acordo com Kawauchi e Sower (2006).
Imagem
2) Representação
esquemática da hipófise de peixes.
Fonte:http://slideplayer.com.br/slide/3273401/
Os hormônios
produzidos na hipófise de peixes possuem algumas funções semelhantes àquelas
observadas em humanos, e outras específicas deste grupo de animais. Nos peixes:
O hormônio melanotropina (MSH) induz os
melanócitos a dispersar grânulos de melanina na pele, promovendo alterações na
coloração (AIRES, 2015).
O hormônio da somatolactina (SL) inibe a ação do hormônio GH (BALDISSEROTTO,
2013). A SL não tem sua função bem definida, mas sabe-se que está envolvida na
função imune, efeitos imunorregulatórios e balanço energético (AGULLEIRO et
al.; DORSHKIND e HORSEMAN, 2000).
Os hormônios gonadotropinas (GtHs)
estimulam a síntese de andrógenos, progetágenos e estrógenos nas células
foliculares de fêmeas e as células de Leydig em machos, nas quais, promove a vitelogênese,
maturação, ovulação espermatogênese, espermiação e motilidade de
espermatozoides (LEVANVI-SILVAN et al., 2010; KAWAUCHI e SOWER, 2006; SCHULZ et
al., 2010).
O hormônio tireotropina (TSH) durante a fase larval regula a síntese e secreção
dos hormônios tireoidianos (BROWN e BERN, 1989; GARCÍA-AYALA et al., 2003).
O hormônio de crescimento (GH) estimula o
crescimento de proteínas que se ligam aos fatores de crescimento semelhantes a
insulina (IGFs) no fígado, coração, rins e nas gônadas promovendo a mitogênese,
diferenciação celular, inibição da apoptose, crescimento da cartilagem,
desenvolvimento do trato gastrointestinal, manutenção e regeneração de
neurônios (SELLIER, 2000; DAL-PAL et al., 2014).
O hormônio prolactina (PRL) “participa na
regulação do equilíbrio hidroeletrolítico” (AIRES, p. 1020. 2015), auxilia na
homeostase do cálcio, no processo de reprodução, comportamento, crescimento e
imunorregulação (KANEKO e HIRANO, 1993; GALAS E EPLER, 2002; POWER, 1992;
DORSHKIND E HORSEMAN, 2009).
O hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) controla a síntese do cortisol, hormônio importante
para o controle do estresse, metabolismo e osmorregulação (WENDELAAR-BONGA, 1997).
Assim é visto que a glândula
hipofisária executa importantes funções na síntese, armazenamento e liberação
de vários hormônios peptídicos relacionados ao controle hormonal tais como a reprodução,
o desenvolvimento, o crescimento, a osmorregulação e no metabolismo.
Escrito por Eriks Oliveira
Referências
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