Segundo Braz (2005),
a temperatura corporal em humanos se mantém constante em aproximadamente 37°C,
para que suas funções metabólicas se mantenham conservadas. A temperatura do
corpo é regulada por mecanismos de feedback negativo, que operam por meio de
centros regulatórios de temperatura, que se localizam no hipotálamo. No
hipotálamo anterior é feita a integração das informações aferentes térmicas,
enquanto no hipotálamo posterior iniciam-se as respostas efetoras.
Os receptores térmicos sensíveis
ao frio e calor, recebem os impulsos termais aferentes, a pele e membranas
mucosas também possuem receptores termossensíveis que respondem a sensação
mecânica e auxiliam no processo de termorregulação. Na pele está presente mais receptores para o
frio do que para o calor, por este motivo, a detecção periférica de
temperaturas frias é mais eficiente se comparado com as mais quentes.
De acordo com Guyton (2006), os
mecanismos utilizados na redução da temperatura quando a temperatura corporal
está muito elevada são: a vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos (para a
transferência de calor para a pele); sudorese ( quando a temperatura do corpo
atinge valores superiores a 37°C, este mecanismo aumenta a taxa de perda de
calor evaporativo) e diminuição na produção de calor (inibição de mecanismos
que causam excesso de produção de calor). Já os mecanismos de elevação da
temperatura quando a temperatura corporal está muito baixa são: vasoconstrição
da pele (por estimulação dos centros simpáticos hipotalâmicos); piloereção
(ereção dos pelos) e aumento da termogênese (produção de calor por sistemas
metabólicos).
Figura 1. Localização do hipotálamo.
Fonte: <http://www.projetomassamagra.com.br/alimentacao/reprogramacao-hipotalamo-conheca-o-tratamento-emagrecedor-que-age-no-cerebro-e-promete-controle-efeito-sanfona/>
A
termorregulação em anfíbios
Conforme Bovo (2015),
o grupo Lissamphibia (anfíbios) apresenta grandes variações em relação a
tolerância térmica, refletindo os diferentes regimes térmicos de seus habitats.
São considerados animais ectotérmicos, ou seja, dependem de fontes externas de
calor para a regulação da temperatura corpórea (Tc), em contraste com mamíferos
por exemplo, onde a produção metabólica de calor é um dos fatores centrais na
regulação da temperatura do corpo. Animais endotérmicos tendem a manter a
temperatura corporal constante e relativamente alta, já os ectotérmicos sofrem
variações significativas de acordo com o ambiente que estão inseridos.
Em termos gerais, a
termorregulação em anfíbios ainda se mantém complexa, principalmente pela
necessidade de manter a umidade na pele dos animais para realização das trocas
gasosas; envolvendo termossensibilidade, a capacidade de coletar informações
provenientes do ambiente; a integração das informações coletadas (em algum
centro de controle neural), acompanhado da coordenação de respostas eferentes
adequadas.
A regulação da temperatura corporal em
anfíbios é mantida por um sistema de mecanismos que o organismo lança para a
obtenção das atividades por ele realizadas, seguindo as leis da termodinâmica
comuns para que ocorra os processos de troca de calor, como: condução, condução
combinada com convecção, radiação e evaporação ou condensação.
A condução pode ser caracterizada
pela transferência direta da energia cinética entre as partículas constituintes
de dois corpos em contato, ou seja, a troca de calor pode ocorrer entre o animal
e o substrato, água. ar, etc. Outro
aspecto importante para a regulação de anfíbios é a evaporação, pois o balanço
térmico e as trocas de calor estão intimamente relacionados ao tegumento do
animal, que no caso dos anfíbios apresenta grande permeabilidade e possível
perda de água por evaporação, onde o calor removido do liquido em contato com a
superfície corporal, promove um resfriamento evaporativo fazendo com que a temperatura
superficial dos anfíbios esteja abaixo da temperatura ambiente. Ao contrário da
evaporação, destaca-se a condensação que é o vapor de água se condensando
promovendo ganho de água, que auxiliará no balanço hídrico adequado. No caso da
radiação, os anfíbios encontram dificuldade em ganho de temperatura por
exposição à luz solar, por conta de sua alta permeabilidade cutânea está
sujeito a perda de água, ocasionando desidratação, por isso, apenas algumas
espécies utilizam esse mecanismo, ganho de calor e evitar a perda excessiva de
seus compostos hídricos. utilizando de suporte de glândulas e alterações
fisiológicas para auxiliar o
Figura
2. Principais formas de trocas de calor em anfíbios.
Fonte: Bovo (2015)
Pode-se observar que
em algum ponto o custo de termorregulação precisa ser minimizado e benefícios maximizados
para que não haja prejuízo funcional para o animal. Portanto, a regulação
corporal em anfíbios de aumentar e diminuir sua temperatura em determinados
ambientes pode trazer custos de energia e tempo, ocasionando a perda algumas
vezes de oportunidades de reprodução e busca por alimentos. Porém se
equilibrado esses custos, a energia disponível para investimentos pode ser utilizada
em outras atividades importantes.
Desta maneira pode-se
concluir que as principais diferenças na termorregulação de humanos e anfíbios,
se dá pela forma que o calor é produzido e os sistemas envolvidos para a
manutenção do mesmo, os mamíferos sendo classificados como endotérmicos, no
qual mantêm sua temperatura corporal constante, e os anfíbios que são
classificados em ectotérmicos pois a temperatura corporal sofre influência
direta em contato com o meio externo, através de trocas pela superfície
cutânea. Em humanos observa-se a intensa participação do sistema de controle
localizado no hipotálamo (SNC), e em anfíbios além do sistema de controle,
grande participação da superfície cutânea para a regulação e trocas gasosas.
Escrito por Letícia Rodrigues Pinheiro
Referências
BRAZ,
José Reinaldo Cerqueira. Fisiologia da
termorregulação normal. Revista Neurociências,
2005.
BOVO, Rafael Parelli. Fisiologia térmica e balanço hídrico em anfíbios anuros. 2015. 135
f. Tese - (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências de Rio Claro, 2015. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/134132>.
GUYTON,
Arthur C.; HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
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