O
som é uma onda mecânica longitudinal e omnidirecional (que se propaga em todas
as direções) que pode ser percebida tanto por ouvintes intencionais quanto não
intencionais, à vista ou não. Como a emissão do som é proposital e de curto
prazo, ela é utilizada para informar sobre situações momentâneas ao invés de
estados constantes. As ondas sonoras são reduzidas pelo meio ambiente por meio
da reflexão, refração e absorção, com maior intensidade nos casos de sons de
alta frequência do que nos sons de baixa frequência.
O que confere aos
elefantes a capacidade de produzir uma grande variedade de sons?
Os
elefantes são animais especialistas na produção e emissão de sons de baixa
frequência assim como na comunicação a longas distâncias. A gama de sons
produzidos pelos elefantes é vasta, que vão desde bramidos de baixa frequência
a sons de alta frequência, como trombeteios, roncos, latidos, rugidos e gritos,
dentre os quais o mais frequente são os bramidos. O chamado de um elefante pode
variar mais de 4 oitavas, começando com um bramido de 27 Hz que evolui até um
rugido de 470Hz. Ao incluir a harmonia, o chamado dos elefantes pode variar
mais que 10 oitavas, originado de um baixo de 10hz que alcança um alto de mais
de 10.000Hz.
Os
elefantes são capazes de produzir sons muito sutis assim como também são
capazes de produzir sons extremamente poderosos. Alguns chamados produzidos por
elefantes podem chegar a 112dB gravado a um metro de distância de onde foi
originado. Os decibéis são medidos em um a escala logarítmica e, vale lembrar
que para níveis superiores a 120dB, a sensação auditiva se torna em uma
sensação dolorosa. Para exemplificar o quão alto o som de alguns elefantes pode
chegar, a tabela abaixo publicada no The Science of Sound, por T. D. Rossing
fornece exemplos de sons comuns durante nosso cotidiano:
Tabela 1: Sons comuns
do cotidiano medidos em decibéis
Fonte: <https://www.elephantvoices.org/elephant-communication/acoustic-communication.html>
Como os elefantes
produzem uma grande variedade de sons?
O
som é produzido à medida em que o ar é expelido dos pulmões e passa pelas
cordas vocais ou pela laringe, uma estrutura que nos elefantes medem 7,5 cm. O
ar em movimento acarreta a vibração das cordas vocais em uma determinada
frequência, que depende do tipo de som que está sendo produzido. A variedade de
frequências produzidas é resultante do encompridar ou encurtar das cordas
vocais. A coluna de ar vibra no trato vocal estendido ou na câmara ressoante
dependendo da maneira em que o elefante posiciona os componentes da câmara, que
são a tromba, a boca, a bolsa faríngea e a laringe, o que permite que ele possa
modificar e amplificar os diferentes
componentes do som.
Alguns
chamados dos elefantes estão associados a certas posições da cabeça e das
orelhas. Acredita-se que, ao colocarem sua cabeça em determinada posição e ao
movimentarem suas orelhas em um determinado ritmo e ângulo, os elefantes afetam
a musculatura em torno da laringe a fim de modificar um chamado e atingir um
som desejado.
Figura 1: Elefante
Africano (Loxodonta africana)
Fonte: <https://www.elephantvoices.org/elephant-communication/acoustic-communication.html>
Os
elefantes produzem diversos sons de baixa frequência por vários motivos. O
primeiro motivo é devido ao tamanho de seu corpo, pois, assim como nos
instrumentos musicais, quanto mais longa e solta a corda, e quanto maior a
câmara ressonante, mais baixa será a frequência produzida. Outra razão para
isso e que os elefantes possuem diversas adaptações que os permitem tornar suas
câmaras ressonantes ainda maiores e suas cordas vocais contraídas, produzindo
sons mais baixos que o esperado.
A
primeira adaptação é a tromba, que no caso dos machos adultos podem adicionar
até 2m de comprimento à câmara ressonante. Em segundo lugar, as estruturas que
compõem o aparelho hioideo e a musculatura que dá suporte à língua e à laringe
nos elefantes se distingue dos outros mamíferos. Nos elefantes o aparelho
hioideo contém cinco ossos ao invés de nove, que são ligados ao crânio por
músculos, tendões e ligamentos, e não por ossos, como acontece na maioria dos
mamíferos. Isso confere a eles uma maior flexibilidade e movimentação da
laringe, o que facilita a produção de sons de baixa frequência. Além disso, na
maioria dos mamíferos o aparelho hioideo dá suporte à língua e à laringe. A
estrutura menos rígida nos elementos também contém uma bolsa faríngea,
estrutura única dos elefantes, localizada na parte basal da língua que, além de
providenciar uma fonte de água emergencial, também parece auxiliar na formação
de sons de baixa frequência.
Localização do Som
Elefantes
são muito bons para localizar sons, eles estendem suas orelhas
perpendicularmente a sua cabeça para aguçar sua habilidade de localizar sons.
Acredita-se que quanto maior a distância interauricular (distância entre as
orelhas) do animal, maior sua sensibilidade para localizar sons, pois a
diferença entre o tempo e a intensidade em que atingem cada ouvido pode ser
usada como pista para localização do som.
Escrito por André Gomes Fernandes
Referências
Bibliográficas
Acoustic communication.
Elephant Voices, c2019. Disponível em: <
https://www.elephantvoices.org/elephant-communication/acoustic-communication.html>,
Acesso em: 01 de jun. de 2019.
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