Para compreendermos a anatomia do sistema digestório cefalópode e suas semelhanças com o sistema digestório humano, é essencial relembrarmos as características estruturais deste sistema. Vamos iniciar analisando a anatomia deste sistema nos seres humanos.
Sistema
digestório humano
Para manter as atividades do
organismo em bom funcionamento, os seres humanos precisam captar os nutrientes
necessários para construir novos tecidos e fazer manutenção dos tecidos
danificados, extraindo energias por meio da ingestão de alimentos.
O sistema digestório humano está
localizado no peritônio, sendo constituído por: boca, faringe, esôfago, estômago,
intestino delgado, intestino grosso, ânus e os órgãos anexos: glândulas salivares,
pâncreas, fígado, vesícula biliar, dentes e língua.
A boca é a porção inicial do
tubo digestório e onde começa o processo de digestão. Na cavidade própria da
boca, está a língua, um órgão muscular, responsável pelo transporte de
alimentos e pela gustação. E também os dentes, que são distribuídos em: 8
incisivos, 4 molares, 8 pré-molares e 12 molares, em adultos. Após o alimento
ser mastigado e degustado ele é empurrado pela língua até a faringe. A faringe
é um túbulo muscular que pertence tanto ao sistema respiratório quanto ao
digestório. Quando o alimento chega à faringe, é empurrado até o esôfago por
movimentos peristálticos. O esôfago também é um órgão muscular, que assim como a faringe, empurra o
alimento por peristaltismo até o estômago. Quando o alimento chega ao estômago
os movimentos peristálticos feitos pelo órgão misturam o bolo alimentar ao suco
gástrico. Esse suco contém ácido clorídrico, que mantém a acidez estomacal,
dando condição favorável ao trabalho das enzimas do estômago. O suco alimentar
resultante da digestão gástrica é denominado quimo (por isso esse processo pode
se chamar quimificação). O quimo passa para o intestino por uma válvula chamada
piloro. O intestino é um tubo muscular dividido em duas porções, o intestino
delgado e o intestino grosso. O intestino delgado se inicia após o estômago e sua
primeira porção denomina-se duodeno, onde ocorre a maior parte da digestão dos
alimentos. No duodeno são lançados as secreções do fígado (bile) e do
pâncreas(suco pancreático), realizando principalmente a digestão química de
gorduras, proteínas e carboidratos no quimo. Ao terminar a digestão no duodeno,
o conjunto de substâncias resultantes forma um líquido viscoso denominado
quilo. A digestão e absorção dos nutrientes continua no jejuno e no íleo (segunda
e terceira porções do intestino delgado). Após a digestão total do intestino
delgado, o resto do quilo chega ao intestino grosso. Este absorve água e sais
minerais nos resíduos alimentares e os leva para a circulação sanguínea. Além disso,
algumas bactérias intestinais fermentam e assim decompõem resíduos de alimentos
e produzem vitaminas, que são aproveitadas pelo organismo. Nessas atividades,
as bactérias produzem gases, e parte deles são absorvidos pelas paredes
intestinais e outra é eliminada pelo ânus. O material que não foi digerido
nesse processo forma as fezes que são acumuladas no reto e, posteriormente,
empurradas por movimentos musculares para fora do ânus.
Caracterização das glândulas anexas:
·
Glândulas salivares: Auxiliam na limpeza da
boca e dos dentes, umedecimento e amolecimento dos alimentos, deglutição e
digestão inicial. São três: Parótida, sublingual e submaxilar.
·
Fígado: É a maior glândula do organismo, e a
função principal digestiva é produzir a bile (uma secreção verde amarelada)
para secretar no duodeno. O fígado também metaboliza carboidratos, lipídios e
proteínas, e ajuda no processamento de fármacos.
·
Vesícula biliar: Armazenamento de bile.
·
Pâncreas: Tem uma parte exócrina e uma endócrina.
Sua parte exócrina produz o suco pancreático que entra no duodeno através dos
ductos pancreáticos, e sua parte endócrina produz glucagon e insulina,
hormônios responsáveis pelo controle de glicose plasmática.
Figura 1: Órgãos do sistema digestório humano
Sistema digestório dos cefalópodes
Diferentemente
dos humanos, os cefalópodes são animais invertebrados, de alto mar e adaptados
para uma alimentação raptorial (exclusivamente carnívora). São predadores
eficientes rápidos, ágeis, ativos e inteligentes, dificilmente deixam suas presas
escaparem.
Ainda
que haja uma variação no sistema digestório dos cafalópodes, a grande maioria
está em correspondência com um plano comum:
Figura 2: Órgãos do
sistema digestório dos cefalópodes
A boca dos cefalópodes se
abre para a cavidade bucal, enquanto o esôfago se estende posteriormente até o
estômago. Já o intestino sai da região posterior ao estômago e se estende
anteriormente até o ânus. Porém, a morfologia, o tamanho e a posição dessas estruturas
variam de acordo com a espécie.
Dentro da cavidade bucal dos
cefalópodes existe um par de mandíbulas (dorsal e ventral), que formam um bico
(similar ao de um papagaio). Esse bico tira pedaços de tecido da presa, que são
empurrados pela rádula até o esôfago. A rádula nada mais é do que fileiras
transversais e longitudinais de pseudodentes, que têm a função de triturar o
alimento, e está localizada na faringe. Essa estrutura funciona de maneira
semelhante aos dentes humanos.
Figura 3: Bico e rádula
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Semelhante
aos humanos, os cefalópodes também possuem glândulas acessórias. Dois pares de
glândulas salivares e uma glândula submandibular, se abrem na cavidade bucal esecretam
muco. Em algumas espécies estas glândulas também produzem veneno e enzimas
proteolíticas, que paralisam a presa.
Depois
de passar pela cavidade bucal, o alimento passa da faringe para esôfago que,
assim como nos humanos, realiza peristaltismo muscular empurrando o alimento
até o estômago. Em algumas espécies o esôfago se expande formando uma estrutura
chamada papo, onde o alimento é armazenado e amolecido. Após essa fase o
alimento entra no estômago e é misturado a algumas enzimas secretadas pelas
glândulas digestivas. As glândulas digestivas dos cefalópodes têm forma de
tubo, sendo parte delas diferenciada, desempenhando as mesmas funções do
pâncreas e do fígado dos vertebrados. Ambas se abrem no ceco via ductos
digestivos chamados hepatopancreáticos. O ceco é uma bolsa, onde ocorre a
absorção do alimento e é onde algumas das substâncias produzidas pelas
glândulas digestivas são expelidas. Os resíduos restantes da digestão seguem
pelo intestino, e a reabsorção ocorre no reto (parte distal do intestino). O
que não é aproveitado na digestão é excretado pelo ânus em forma de fezes assim
como nos humanos.
Escrito por Thamires Souza
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOLUSCOS (Mollusca). Disponível em:< http://www.infoescola.com/biologia/moluscos-mollusca/>.
Acesso em: 19 abr. 2016
BRUSCA,
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TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 6ª.ed.
Porto Alegre: Artmed. 2006.
FONTE DAS IMAGENS
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