segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Respostas dos organismos à alimentação

Quando um animal se alimenta, o seu sistema gastrintestinal responde à chegada do alimento desencadeando  uma série de mecanismos que permitem ao sistema realizar suas funções, tornando os nutrientes do alimento disponíveis para o seu corpo. Dentre as atividades que são desencadeadas destacam-se: a secreção de enzimas digestivas, a secreção de ácido e a contração de músculos. São as células nervosas, endócrinas e pancreáticas que controlam e coordenam essas respostas (HILL; WYSE; ANDERSON, 2012).
O processo de digestão inicia-se na boca com a presença do bolo alimentar. Quando a mastigação se inicia, ocorre a ativação do sistema parassimpático, consequentemente ocorre a produção de saliva a qual vai umedecer o bolo alimentar e lubrifica-lo para deglutição. Após a mastigação o alimento é comprimido e empurrado para trás de maneira voluntária, em direção à faringe através da pressão realizada pela língua contra o palato, os movimentos realizados vão permitir que o palato mole seja empurrado para cima de maneira a fechar a parte posterior da cavidade nasal, evitando refluxo do alimento.
No estômago o alimento vai ser armazenado até o momento de seu processamento, onde realiza-se a mistura dos alimentos a partir de contrações peristálticas vigorosas e com auxílio de secreções gástricas, forma-se uma mistura semilíquida denominado quimo, esse é esvaziado lentamente para o intestino delgado a uma vazão compatível com a digestão e a absorção adequada pelo mesmo. O processo de digestão é desencadeado por efeitos mecânicos e químicos nas células endócrinas, as células G presentes no estômago secretam na corrente sanguínea o hormônio gastrina, este atinge as células principais onde induz a produção de pepsinogênio que na presença do HCl contido no suco gástrico ativa a produção de pepsina, que é a responsável pela digestão de proteínas, nesta mesma situação o pepsionogênio também ativa a lipase que se origina na saliva e no ambiente ácido do estomago realiza a digestão de lipídeos e a amilase que digere os carboidratos.  

O intestino delgado é o principal local onde ocorre a digestão e absorção dos nutrientes, este apresenta hormônios peptídicos, sendo esses a secretina, colecistocinina (CCK) que possuem como  função estimular o pâncreas e o sistema biliar do fígado a secretarem para dentro do intestino agentes digestivos fundamentais. A secretina também atua na secreção de bicarbonato pelo pâncreas, para neutralizar o ácido do estômago. Após as etapas de digestão e absorção, movimentos de propulsão direciona os resíduos não digeridos (fibras) ao colo sigmoide onde vão ser eliminados nas fezes.
Assim como nos humanos, os animais respondem à chegado do alimento. Nas ostras, nos mexilhões e nos mariscos por exemplo, as principais células que revestem o divertículo digestivo (células responsáveis pela digestão), aumentam muito de tamanho quando absorvem partículas alimentares. Algumas células desenvolvem flagelos quando o alimento está presente, permitindo que o fluido e as partículas alimentares circulem dentro do divertículo pela ação dos flagelos. Todas essas mudanças são revertidas após o alimento ter sido processado (HILL; WYSE; ANDERSON, 2012).  


Figura 1. Função gastrintestinal coordenadas por hormônios após uma refeição
Fonte: HILL; WYSE; ANDERSON, 2012. p.138 

Em geral, humanos e animais podem sofrer mudanças em sua fisiologia nutricional em resposta ao ambiente. Podendo ser alterada devido três principais fatores, como em resposta da fisiologia nutricional dos indivíduos para mudanças ambientais ao longo prazo pois, quando um animal altera sua dieta de forma crônica, a parte da ingestão de novos tipos de alimentos comparados ao que ele comia anteriormente desencadeia uma regulação de enzimas digestivas e os transportadores necessários para a digestão e a absorção dos novos alimentos. Essas mudanças ocorrem em dias ou semanas para que haja o aumento do valor nutricional dos alimentos, que depende de como o sistema do animal digere e absorve os nutrientes. Em algumas situações, pode-se ocorrer alterações da expressão gênica em indivíduos em resposta à dieta, onde os constituintes ingeridos podem alterar a expressão gênica, fenômeno decorrente de uma alteração dos lipídeos consumidos pelo animal que consequentemente modifica a forma como vai ser metabolizado. Outra situação ocorre em respostas evolutivas das populações às mudanças nas condições nutricionais, sendo possível visualizar a partir de análises comparativas evidenciando que a fisiologia digestória evolui em paralelo com a dieta.

Escrito por Mariana Bernardes Ribeiro


Referências Bibliográficas
AIRES, Margarida de Mello et al. FISIOLOGIA. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda., 2015.
HILL, Richard W.; WYSE, Gordon A.; ANDERSON, Margaret. Fisiologia Animal. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 894 p. 

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