A glândula pineal, também chamada de epífise ou corpo pineal, é um pequeno
fragmento de tecido, localizado entre os dois hemisférios cerebrais. Trata-se
de uma estrutura que compõem o sistema endócrino, que possui o formato de uma
pinha (daí o seu nome), estando localizada no sistema nervoso central, no
epitálamo, ou seja, na parte superior e posterior do diencéfalo, alojada por
sobre o mesencéfalo, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, posteriormente
aos dois tálamos, com sua base inserida por meio de uma haste à comissura das
habênulas, tendo dimensões em humanos de cerca de 7,4mm (comprimento) x 6,9mm
(largura) x 2,5mm (espessura).
Figura 1 – Localização da glândula pineal no encéfalo humano.
Figura 2 – Via bioquímica para formação da melatonina
Esta glândula
endócrina se caracteriza por possuir uma função rítmica e varia com o ciclo
diário de claridade e escuridão. Ela produz o hormônio melatonina, que é
armazenado em quantidades reduzidas na própria glândula, e é liberada no sangue
em pequenas quantidades durante a fase clara do dia, e em grandes quantidades
durante a fase escura do dia.
A pineal origina-se embriologicamente de um divertículo
evaginado do teto do III ventrículo, saindo da linha média entre a comissura
habenular, anteriormente e posteriormente ao órgão subcomissural e à comissura
posterior, estando correlacionada aos chamados órgãos circunventriculares, que
constituem pequenos núcleos de células neurais. Sua diferenciação ocorre na
fase embrionária, em decorrência de um espaçamento da parede da vesícula
diencefálica, motivo pelo qual ao final deste processo torna-se uma formação sólida,
constituída por um agregado de células foliculares. Tal diferenciação celular,
é capaz de produzir células especializadas, os chamados pinealócitos, que
possuem função neurossecretora.
Nota-se, na escala
evolutiva, que a presença da glândula pineal ou mesmo tecidos compatíveis com
pinealócitos, ocorre desde os peixes. Em vertebrados como salamandras,
serpentes, aves e tartarugas, ele está presente junto a um órgão parapineal,
constituído por células fotorreceptoras que possui a capacidade intrínseca de
regular a biossíntese de melatonina, desta forma gerando ritmos circadianos. Já em mamíferos, a glândula pineal é encontrada sem a
presença do órgão parapineal, o que a impede de ser sensível a luz direta do
sol, desta forma torna-se dependente dos fotorreceptores da retina, bem como da
oscilação circadiana fornecida pelo núcleo supraquiasmático, para a regulação
de síntese de melatonina.
Considerando vertebrados basais, compreende-se a pineal
como um sistema constituído de duas partes, a pineal propriamente dita, que é
uma estrutura vesicular, e o órgão parapineal localizado em um nível
extracraniano e superficial, ímpar e mediano, possuindo função sensorial e com
características teciduais semelhantes a de fotorreceptores das células da
retina. Para integrar um circuito de informação do ritmo claro-escuro, o órgão
parapineal emite fibras que cruzam os forames presentes no crânio e vão até a
pineal.
Em alguns vertebrados foi comprovado que a glândula
exerce funções importantes no controle das atividades sexuais e da reprodução.
Isso se deve ao fato de que, em tais animais nos quais a glândula pineal foi
removida ou nos que os circuitos nervosos que se dirigiam a essa glândula foram
interrompidos, os períodos anuais normais de fertilidade sazonal desapareceram.
Para esses animais, essa fertilidade sazonal é importante para que suas proles
nasçam em períodos como primavera e verão, quando a sobrevivência é mais provável.
Em experimentos foi percebido que, independente da fase
do dia, a produção de melatonina atinge seu pico à noite. A ritmicidade diária
produzida aqui, é característica também das plantas e de todos os organismos
vivos e persiste mesmo na ausência de ciclos de luz, escuridão e pistas
externas. Certos animais que são mantidos sob luz e temperaturas constantes
ainda mantem uma periodicidade de aproximadamente 24 horas, conhecida como
ritmo circadiano. Tal fato indica que deva existir um “relógio” interno que
mantem os ciclos. E em mamíferos esse relógio são os núcleos supraquiásmaticos
do hipotálamo, já que quando está área do tecido nervoso é retirada, o animal
não segue mais o ciclo. Entretanto se o animal receber os núcleos de outro
animal por transplante, seu ritmo é restaurado, porém com a periodicidade do
doador, evidenciando que o ritmo é de fato controlado por este tecido.
Em anfíbios, a melatonina produzida na pineal possui a
propriedade de clarear a pele dos girinos por uma ação sobre os melanóforos.
Entretanto, não parece desempenhar qualquer papel fisiológico na regulação da
cor de pele. Nos mamíferos, o sinal de luminosidade é percebido pelos olhos,
que são passados para os
núcleos supraquiásmaticos e de lá para a pineal. Nas aves os olhos não participam, a pineal está localizada abaixo do osso do crânio, e a luz penetra esse tecido ósseo fino, afetando diretamente a glândula. Já melatonina é encontrada no olho, não se originando na pineal, mas sim produzidas pela retina.
núcleos supraquiásmaticos e de lá para a pineal. Nas aves os olhos não participam, a pineal está localizada abaixo do osso do crânio, e a luz penetra esse tecido ósseo fino, afetando diretamente a glândula. Já melatonina é encontrada no olho, não se originando na pineal, mas sim produzidas pela retina.
Figura 3 – Seta indicando a localização aproximada da
glândula pineal em aves.
Escrito por Raphael Costa
REFERÊNCIAS
FILGUEIRAS,
Marcelo Quesado. Glândula Pienal: revisão da anatomia e correlações entre os
marca-passos e fotoperíodos na sincronização dos ritmos cardíacos. HU Revista, v. 32, n. 2, p. 47-50,
2006.
GANONG,
W. F.; Fisiologia Médica; 22ª ed.
Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. 777p.
GUYTON,
A. C; HALL J. E; Fisiologia Humana e
Mecanismos das Doenças; 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
652p.
SCHMIDT-NIELSEN,
K.; Fisiologia Animal – Adaptação e meio
ambiente; 5ª ed. Livraria Santos Editora Com. Imp. Ltda., 2002. 611p.
FONTE DAS IMAGENS
Figura 1 - https://www.psicoactiva.com/blog/la-glandula-pineal-importante-funcion/
Figura
2 - http://www2.unifap.br/oiapoque/files/2014/07/Artigo-03.pdf
Figura 3 - https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/10410 /1/Osteologia%20das%20aves,%20Rom%C3%A3o%202011.pdf
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