O trato digestório em humanos contém um tubo que
se divide nas seguintes regiões: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
intestino grosso e ânus. E está
associado com órgãos e glândulas acessórias (dentes, a língua, as
glândulas salivares, o fígado, vesícula biliar e o pâncreas).
O alimento entra pela cavidade oral
constituída por dentes, língua e glândulas salivares. Os dentes são responsáveis
por quebrar em pequenos fragmentos esse alimento e misturar junto à saliva. A língua contem papilas gustativas que detectam
os sabores dos alimentos (amargo, azedo ou ácido, doce e salgado) e iniciam o
processo de deglutição, que empurra o bolo alimentar em direção à faringe. As glândulas
salivares (parótida, submandibular,
sublingual) são responsáveis por secretar a saliva, que possui a enzima amilase
salivar, também chamada de ptialina, que inicia
a digestão do amido e outros polissacarídeos, e os sais que neutralizam
substâncias acidas mantendo o pH próximo de 7 para facilitar a ação da amilase.
Após a deglutição o alimento é empurrado através da faringe para o esôfago
pelas ondas peristálticas. Durante este processo, a laringe se fecha evitando a
passagem do alimento para as vias respiratórias.
Essas ondas
peristálticas no esôfago permitem que o alimento seja engolido e entre no estômago, mesmo que você esteja de cabeça para
baixo.
Figura 1. Movimentos peristálticos no esôfago
O estômago tem
função de armazenamento, mistura e trituração do alimento,
propulsão peristáltica e regulação da velocidade de esvaziamento gástrico e
estas funções são desempenhadas por regiões distintas do estomago. O armazenamento
ocorre na região do fundo do estomago, onde o alimento pode ficar armazenado
por quatro horas ou mais. A mistura ocorre na região média distal do corpo
estomacal e a trituração é efetuada na parte distal do estômago, na região antral.
A propulsão
peristáltica inicia-se na porção próximo ao corpo do estômago, que realiza a mistura
do bolo alimentar com o suco gástrico que é um
líquido que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais produzidos
pelas células do estômago. O ácido clorídrico mantém
o pH do interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Por ação do ácido clorídrico, o
pepsinogênio ao ser lançado no estômago, transforma-se em pepsina, uma enzima
que catalisa a digestão de proteínas. A mucosa gástrica é revestida por um muco
para não entrar em contato com o suco gástrico e essa mucosa produz o fator
intrínseco que auxilia no processo de absorção da vitamina B12. Ao se misturar ao suco gástrico, o bolo alimentar
transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida chamada quimo.
Ao
passar pelo esfíncter pilórico, o quimo vai descendo aos poucos para a primeira
porção do intestino delgado, o duodeno, onde há a ação do suco pancreático que
é produzido pelo pâncreas e é rico em enzimas digestórias
(amilase, lipase, tripsinogênio, quimotripsinogênio, pro-carboxipeptidose). Além do suco pancreático, a bile, produzida no fígado e
armazenada na vesícula biliar, também é secretada no duodeno. A bile tem a
função de emulsificar as gorduras, facilitando a ação da lípase pancreática. No
jejuno e no íleo ocorre a absorção de nutrientes e a superfície interna dessas
regiões possuem pequenas vilosidades que aumentam a superfície de absorção. Os
vasos sanguíneos e linfáticos absorvem os
nutrientes do intestino e os leva ao fígado através da veia porta hepática,
para ser distribuído para o resto do corpo (Figura 2).
Figura 2: vasos sanguíneos nas
vilosidades na porção do jejuno e do íleo no Intestino Delgado.
Passa
para o intestino grosso uma pequena porção de fluidos de alimentos não
digeríveis. Esta porção do intestino sofrerá contrações haustrais, que auxilia
na mistura e absorção de água e eletrólitos, para formação do bolo fecal. Com a
presença de bolo fecal no reto e sua consequente dilatação desencadeia um
reflexo autonômico que promoverá a abertura do esfíncter anal interno. Porém,
devido à presença do esfíncter externo, de controle voluntário, a defecação
pode ser adiada até o próximo reflexo de defecação.
Comparando...
O
tubo digestório dos insetos é composto por três porções: estomodeu, mesênteron e
proctodeu, onde válvulas que se localizam entre estas porções controlam os
movimentos do alimento. O trato digestório está relacionado ao tipo de
alimentação do inseto. Se este ingere mais alimentos sólidos seu trato
digestivo será amplo, reto, curto, com musculatura mais forte e com proteção de
adesão. Já os que consomem alimentos líquidos têm um trato digestivo longo,
estreito e enrolado e não é necessária a proteção contra adesão nesse caso.
Figura 3: Trato
digestivo de insetos
Os
insetos capturam o alimento pela boca assim como os humanos. Com a entrada do
alimento nos animais com peça bucal mastigadora, eles cortam e trituram esse
alimento antes deste ser levado para a faringe. Já nos insetos com aparelho sugador,
a faringe funciona como um tubo que suga o alimento até o esôfago. O alimento é
levado por ação peristáltica até o esôfago, na região do estomodeu, onde ocorre
a ação de enzimas (amilases e maltases). Alguns insetos têm o habito de liberar
essas enzimas antes da ingestão pela cavidade oral para auxiliar na digestão.
As
glândulas salivares estão localizadas na região abaixo da cabeça e no tórax e
produzem principalmente enzimas que digerem carboidratos, além de umidificar o
substrato ingerido. No caso de insetos que se alimentam de sangue, estes produzem
substâncias anticoagulantes.
Após
a ingestão e ação das enzimas, assim como nos humanos, o alimento é levado através
do esôfago pelos movimentos peristálticos para as porções finais do estomodeu
até o papo onde é armazenado e pode sofrer digestão. Em seguida o alimento passará
pelo proventrículo que é revestido de espinhos ou dentes e auxiliam na
trituração de partículas grandes em menores para passagem na válvula cardíaca.
Depois de passar pela
válvula cardíaca, o alimento chega à porção do mesênteron (semelhante ao
intestino delgado em humanos), onde ocorre a maior parte da digestão do bolo
alimentar e é composto pelo ventrículo que secreta enzimas também semelhantes
às presentes nos humanos, como: amilase (amido),
invertase (sacarose), lipase (gorduras) e protease (proteínas). Além
disso, é revestido por uma membrana peritrófica que permite a passagem das
enzimas que digerem moléculas maiores até ficarem menores auxiliando no
deslocamento para os cecos gástricos onde ocorre uma absorção.
O alimento parcialmente
digerido por enzimas, circulam pelo mesênteron na direção posterior do espaço
endoperitrófico e na direção anterior, do espaço ectoperitrófica. Essa
circulação ajuda a mover o alimento para o ceco gástrico onde ocorre a absorção
e digestão final, e conservar enzimas, que são retiradas do bolo alimentara antes
que ela vá para o proctodeu (GULLAN et al., 2007).
Figura 4: Circulação
do alimento para absorção de nutrientes no mesênteron
A última porção do tubo digestório dos insetos é
o proctodeu, onde os túbulos de Malpighi e o reto são as estruturas atuantes no
mecanismo de absorção e filtração. Os gafanhotos, por exemplo, produzem, nos
túbulos de Malpighi, um filtrado isosmótico da hemolinfa que é rico em K+,
pobre em Na+, e possui o Cl- como o principal ânion. A entrada de K+ para
dentro do túbulo de Malpighi cria uma pressão osmótica, assim a água segue
passivamente pela hemolinfa, isso ocorre também com açucares, aminoácidos e
sais. Os túbulos de Malpighi levam essa urina primária para dentro do
intestino. Onde no reto (almofadas retais), células ativam a recuperação de Cl-
através de estímulos hormonais, o que acaba gerando gradientes elétricos e
osmóticos, que promovem uma reabsorção de outros íons, água, aminoácidos e
acetato. (GULLAN, et al. 2007).
O alimento depois de ter sofrido as quebras
enzimáticas e obtido o máximo de nutrientes para esses organismos, será
excretado pelo ânus. A maioria dos insetos excretam metabólitos nitrogenados,
sendo que os insetos terrestres esses resíduos consistem em ácido úrico.
Escrito por Isadora Paula Franco dos Santos
REFERÊNCIAS
AIRES, Margarida M. Fisiologia. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1999.
Apostila
de Entomologia Geral . Disponível em:<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfbbQAE/64254857-apostila-entomologia-geral?part=6
> acesso em :07/06/2016
Fisiologia do trato digestório em humanos disponível em :<http://www.afh.bio.br/digest/digest1.asp> Acesso em: 07/06/2016
GULLAN, P.J. & CRANSTON, P.S. Os Insetos: um resumo de entomologia. 3ª Ed. São Paulo: Roca,2007.
Zoologia
dos invertebrados - CLASSE INSECTA:
MORFOLOGIA INTERNA E FISIOLOGIA, Disponível em:<http://www.den.ufla.br/siteantigo/Professores/Luis/Disciplinas/disciplinaENT107_arquivos/morfologia_interna.htm>
Acesso em: 07/06/2016
FIGURAS
Figura 1: Disponível em
:
<https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPy92inmfjj4JFOZ00WBPT4Df8OU0fQpa3nv8apbXqNsq72OWxreRfhtwljREdCqMA4PF0gyWZOlpj3z_bgOqJKFsk5Srvn3ZugxeY3zypbj9xNCwG00DsfZ99xiAd6RDuaTne8DcQqFM/s400/Es%C3%B4fago+-+movimentos+peristalticos.jpg>
acesso em: 03/06/2016
Figura 2: Disponível
em:<http://www.sobiologia.com.br/figuras/Corpo/paredeintestino.jpg>
acesse em:03/06/2016
Figura 3: Disponível
em: <https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwjaoevKl5bNAhXDqR4KHZS5BAQQjRwIBw&url=http%3A%2F%2Fpt.slideshare.net%2FAdenomar%2Fsistema-digestrio-9430535&bvm=bv.123664746,d.eWE&psig=AFQjCNH4R0Zn-1BDL2_gnHyYOSTGIW0tiA&ust=1465398110186729>
acesso em: 07/06/2016
Figura 4: Disponível
em: <http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAAfdJgAA-111.jpg> acesso em:
07/06/2016