sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Comparando o sistema articular do homem e do cachorro

Os ossos do corpo humano e de outros animais são muito rígidos para serem dobrados sem que haja nenhuma ruptura, ou que se quebre. Por isso, as articulações formadas de tecido conjuntivo unem os ossos permitindo o movimento. Nesse sentido, artrologia (artr- = articulação; -ologia = estudo de) se caracteriza como o estudo cientifico das articulações, enquanto cinesiologia (cinesi- = movimento) é o estudo dos movimentos do corpo.
As articulações são classificadas estruturalmente de acordo com suas características anatômicas em fibrosa, cartilaginosa e sinovial. Funcionalmente, também classificamos as articulações em graus de movimentação, podendo ser sinartrose (sin- = juntos), articulação imóvel; anfiartrose (anfi- = dos dois lados), articulação com pouco movimento; ou diartrose, articulação com movimentos amplos.
As articulações fibrosas unem os ossos por tecido conjuntivo fibroso, o qual é rico em fibras colágenas. Esta articulação não possui cavidade sinovial, apresenta pouco ou nenhum movimento e pode ser classificada em três tipos: suturas, sindesmose e gonfose. Ambos os tipos podem ser encontrados no homem e nos caninos.
·         Suturas (Fig. 1) são compostas por uma fina camada de tecido conjuntivo denso e é encontrada predominantemente na região da cabeça. Além disso, são consideradas sinartroses por não apresentarem movimentos. Existem três tipos de suturas: denteada, junção na forma serrilhada, tendo um perfeito encaixe; plana, com as margens das superfícies lisas; e escamosa, com as margens formando um bisel, ficando superpostas.

Figura 1: Suturas no crânio humano (A) e no crânio canino (B).

·         Sindesmose (Fig. 2): há mais tecido conjuntivo fibroso e mais espaço entre os ossos que se formam do que nas suturas, formando ligamentos ou membranas.

Figura 2: Sindesmose na perna do homem (A) entre os ossos: sacro e fêmur, fêmur, tíbia e fíbula, tíbia, fíbula e tarso e tarso e metatarso. Ligamentos e articulações na pata traseira do cachorro (B).
    

·         Gonfose (Fig. 3): é uma articulação imóvel ou sinartrose, em que há um encaixe perfeito em uma depressão óssea, constituída com pouco tecido conjuntivo.

Figura 3: Gonfose em cavidade dentária do homem (A) e em cachorro (B).


As articulações cartilaginosas permitem pouco ou nenhum movimento. Os ossos são unidos por cartilagem hialina ou fibrocartilagem e não há cavidade sinovial. Existem dois tipos: sincondrose e sínfise. Ambos os tipos podem ser encontrados no homem e nos caninos.
·         Sincondrose (Fig. 4): o tecido conjuntivo é cartilagem hialina, a qual é substituída por tecido ósseo no final do crescimento longitudinal do osso.

Figura 4: Sincondrose em costelas no homem (A) e no cachorro (B).


·         Sínfise (Fig. 5): possui pouco grau de movimento, com uma fina camada de cartilagem hialina, e a ligação entre os ossos é feita por um disco plano de fibrocartilagem.

Figura 5: Sínfise púbica em pelve de homem (A) e de cachorro (B).

A articulação sinovial apresenta espaços entre os ossos, a cavidade sinovial, e uma cápsula articular, os quais permitirão grande amplitude de movimentos, também classificada de diartroses. Esta articulação possui cinco elementos constantes: a superfície óssea articular, que é a superfície de contato entre os ossos; a cartilagem articular, que é de cartilagem hialina e se situa na extremidade óssea; a cápsula articular, constituída de membrana fibrosa externa e de membrana sinovial interna; o líquido sinovial, responsável pela lubrificação das articulações para amenizar o atrito; e a cavidade sinovial, espaço preenchido pelo líquido sinovial. As articulações do ombro e do joelho são exemplos de sinovial (Fig. 6).

Figura 6: Exemplos de articulação sinovial no homem. Articulação do ombro com membranas sinovial e fibrosa na junção do úmero e clavícula (A). Articulação do joelho com membrana sinovial, líquido sinovial e ligamentos (B).

    
Além dos elementos constantes, a articulação sinovial também possui os elementos anexos (Fig. 7), representados pelos discos articulares, estrutura fibrocartilaginosa em forma de disco que permite que duas superfícies ósseas articulem; meniscos, estrutura fibrocartilaginosa que forma um disco incompleto agindo como amortecedores de peso; lábio articular, estrutura em forma de anel que amplia a superfície articular; e os ligamentos, ricos em fibras elásticas e colágenas que ajudam na fixação dos ossos articulares, frenando ou limitando os movimentos articulares.

Figura 7: Ligamentos e menisco em joelho do homem (A) e do cachorro (B).


Tanto no homem quanto nos cães, as articulações sinoviais podem ser dividas quanto ao número de ossos, podendo ser simples ou composta; quanto em relação à liberdade de movimento, em dependente ou independente; ou quanto à forma das suas superfícies, em plana, gínglimo, trocóide, selar, elipsóide ou esferóide.

Escrito por: Nathália Barbar Cury Rodrigues


Referências consultadas
FERNANDES, V. Anatomia veterinária – sistema articular. Disponível em <http://pt.slideshare.net/VicenteFernandes/sistema-articular-anatomia-veterinria>. Acesso em 29 out. 2014.
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed., São Paulo: Manole, 1991.
TORTORA G. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 9a ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Fontes das imagens
Figura 1A: http://www.saudeanimal.com.br/linha_superior.htm
Figura 1B: http://anatomiavet2012.blogspot.com.br/
Figura 2A: http://johnniperes.blogspot.com.br/2010/12/articulacao-dispositivo-pelo-qual-dois.html
Figura 2B: http://anatomiavet2012.blogspot.com.br/2012/08/suturas-dos-ossos-do-cranio.html
Figura 3A: http://johnniperes.blogspot.com.br/2010/12/articulacao-dispositivo-pelo-qual-dois.html
Figura 3B: http://www.merckmanuals.com/media/pet/figures/DDD_dog_leg_joints.gif
Figura 4A: http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000084-66e3c67ddc/Sincondrose.jpg
Figura 4B: http://medanimal.blogspot.com.br/
Figura 5A: http://anatomiadescritivaveterinaria.blogspot.com.br/
Figura 5B: http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000085-851d98617e/Sinfise.jpg
Figura 6A: http://medanimal.blogspot.com.br/
Figura 6B: http://slideplayer.com.br/slide/294197/
Figura 7A: http://www.paulojunqueira.com.br/site/joelhos/

Figura 7B: http://www.fisioanimal.com/wp-content/uploads/2011/11/joelho.jpg

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Aprendendo e comparando o esqueleto: homem e outros animais

O esqueleto é formado por um conjunto de ossos, os quais são órgãos rígidos, com coloração, número e forma variáveis, e que se interligam por meio de articulações (fibrosas, cartilaginosas e sinoviais) para formar o sistema ósseo. Este sistema é responsável pela locomoção do indivíduo juntamente com os sistemas articular e muscular.
As principais funções desempenhadas pelo esqueleto são: proteção, sustentação e conformação do corpo. Além disso, é o local no qual são produzidas células sanguíneas e armazenam-se íons e minerais.
O esqueleto pode ser classificado em articulado, quando os ossos estão reunidos, como o úmero, a ulna e o rádio que juntos compõem o braço; ou desarticulado, quando os ossos encontram-se isolados, como o fêmur quando analisado separado da tíbia, fíbula e ossos do quadril.
O esqueleto articulado ainda pode ser natural, quando a união for feita por meio de ligamentos e cartilagens, exemplo disso é a articulação do joelho, na qual as cartilagens e ligamentos interligam o fêmur, a tíbia e a fíbula; e artificial, quando por meio de peças metálicas. Como exemplo, a doença artrose (resultado do desgaste da cartilagem articular do quadril) o tratamento é feito por meio de articulação artificial, uma prótese plástica acoplada ao osso do quadril e uma estrutura de metal inserida na cabeça do fêmur.
O esqueleto articulado também pode ser misto, quando há a presença das duas formas, como na fratura óssea em que é preciso fazer uma cirurgia e inserir placas ou parafusos para reestabelecer a continuidade óssea. Dessa forma, esse osso continua articulado naturalmente em uma parte e artificialmente em outra.
Além disso, pode-se classificar a estrutura esquelética quanto a sua topografia em: axial e apendicular. O esqueleto axial é formado por ossos da cabeça, pescoço e do tronco, e o apendicular é composto pelos ossos dos membros superiores e inferiores, incluindo os cíngulos.

Já em relação à posição do arcabouço de sustentação do organismo, existem dois tipos de estrutura esquelética: o exoesqueleto, cuja base de sustentação é externa; e o endoesqueleto, cuja base de sustentação é interna. Sendo assim, ao compararmos alguns animais verificamos que os seres humanos e os peixes ósseos (Fig. 1A-B), além dos tatus, os cavalos, e os répteis possuem endoesqueleto; enquanto os artrópodes possuem exoesqueleto (Fig. 1C). Entretanto, peixes, tatus e crocodilos também possuem esqueleto externo, como resquício de uma condição primitiva, mas com variância em graus de desenvolvimento. Essa diferença a respeito da posição do conjunto de ossos ocorre devido à evolução. Isso é, quanto mais evoluído o animal, maior a interiorização do esqueleto.

Figura 1: Ossos do endoesqueleto humano (A), do endoesqueleto de um peixe ósseo (B) e do exoesqueleto de um artrópode (C).


Ao comparar a osteologia do ser humano com o cavalo, nota-se que eles possuem vários ossos em comum, como por exemplo as vértebras que compõem a coluna vertebral. Entretanto, existem diferenças importantes no número (Fig. 2): enquanto o homem possui 7 vértebras cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 coccígeas; o cavalo possui 7 vértebras cervicais, 18 torácicas ou dorsais, 6 ou 5 lombares, 5 sacrais e 15 a 18 coccígeas ou caudais. Isso porque os equinos possuem uma cauda, diferentemente do ser humano que a perdeu devido às adaptações evolutivas.

                  Figura 2: Ossos da coluna vertebral do homem (A) e do cavalo (B).


Escrito por: Letícia Rodrigues Novaes

Referências consultadas
ABC.MED.BR, 2013. Fratura óssea: definição, causas, sinais e sintomas, tipos de fraturas, diagnóstico, tratamento e evolução. Disponível em: <http://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/370949/fratura-ossea-definicao-causas-sinais-e-sintomas-tipos-de-fraturas-diagnostico-tratamento-e-evolucao.htm>. Acesso em: 1 nov. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Anatomia descritiva dos animais domésticos. Disponível em: <http://anatomiadescritivaveterinaria.blogspot.com.br>. Acesso em: 25 out. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Sistema esquelético. Disponível em: <http://www.auladeanatomia.com/osteologia/generalidades.htm>. Acesso em: 22 out. 2014.
DANGELO, J. G.; FATTINI C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar. 3ª ed. Editora Atheneu: São Paulo, 2007.
DUARTE, H. E. Anatomia Humana. BIOLOGIA/EAD/UFSC, Florianópolis, 2009. 174 p. Apostila.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUADRIL. O que é Artrose (Desgaste do Quadril). Disponível em: <http://www.sbquadril.org.br/info-pacientes.php?ver=1>. Acesso em: 28 out. 2014.
ZAMITH, A. P. L. Lições de osteologia dos animais domésticos. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v. 3, p. 173-270, 1946.

Fonte das imagens
Figura 1A: http://soranadia.blogspot.com.br/p/osteologia-sistema-esqueletico.html
Figura 1B: http://clientes.netvisao.pt/pedrogam/ictiologia.htm
Figura 1C: http://escola.britannica.com.br/assembly/168766/Na-fase-final-de-metamorfose-uma-cigarra-muda-o-exoesqueleto
Figura 2A: http://www.auladeanatomia.com/osteologia/coluna.htm
Figura 2B: ZAMITH, A. P. L. Lições de osteologia dos animais domésticos. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v. 3, p. 173-270, 1946.