quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Potências Visuais

O olho humano é um órgão extremamente complexo que atua como uma câmera, coletando a luz visível. Cada olho (globo ocular) encontra-se dentro de uma caixa óssea protetora, denominada órbita. O olho é composto por três túnicas dispostas em camadas, são elas:
1.       A camada externa, formada pela esclera e córnea;
2.       A camada média ou túnica vascular, constituída pela coróide, pelo corpo ciliar e pela íris;
3.       A camada interna ou a retina, que se comunica com o encéfalo por meio do nervo óptico.
    Figura 1



Quando a luz é refletida ou refratada e vem em nossa direção é captada pela retina, onde encontra-se dois tipos de células fotossensíveis: os cones e os bastonetes. A imagem fornecida pelos cones é mais nítida e rica em detalhes e existem três tipos de cones capazes de reconhecer os espectros de luz verde, vermelho e azul. Há comprimentos de onda que excitam dois ou mais cones, produzindo a diversidade de cores que somos capazes de enxergar. Da retina saem os impulsos nervosos para o nervo óptico que os leva até o lobo occipital, onde são interpretados como visão.
 Para enxergar é necessária a presença de um tecido especializado transparente nos olhos, que permitam a entrada da luz, como a córnea e o cristalino, e um tecido não transparente contendo os receptores, que captem a luz e a decodifiquem em sinais elétricos para serem enviados ao encéfalo. O cristalino possui uma alta capacidade de sofrer alterações conformacionais que permitem focalizar objetos a várias distâncias com nitidez. Para deixar o máximo possível de luz passar o cristalino, as fibras colágenas que o formam precisam se manter compactadas o suficiente para não refratar a luz.
         Dessa forma, mesmo que a capacidade de se tornar invisível possa parecer atraente, poucos percebem que essa habilidade traz uma consequência horrível: todos os que ficassem invisíveis se tornariam completamente cegos, pois a luz atravessaria o corpo deixando de adentrar os olhos e atingir a retina para formar a imagem no encéfalo.
         Porém, dificilmente algo ou alguém seria invisível ao Camarão Mantis (Gonodactylus smithii), conhecido popularmente como Tamarutaca. Ele não possui três tipos de cones receptores de luz como os humanos, quatro como as aves, cinco ou seis como as borboletas, o Camarão Mantis dispõe de dezesseis pigmentos visuais diferentes dispostos organizadamente em sua retina.

                                                                  Figura 2


                                                     Gonodactylus smithii


O sistema de visão das cores envolve pelo menos oito tipos de fotorreceptores diferentes na região da retina operando na faixa espectral visível, podendo enxergar o mundo em até doze cores primárias, o que é quatro vezes a capacidade da visão humana. Além disso, há múltiplos receptores sensíveis ao UV (ultra violeta) e pode medir até seis tipos de polarizações de luz (direção da oscilação das ondas de luz). Possui visão tridimensional em cada olho que podem se mover independentemente.

Escrito por Gustavo Siconello



Referências:


LAMB, Trevor D.. A Fascinante evolução do olho. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_fascinante_evolucao_do_olho.html>. Acesso em: 14 set. 2015.


VILELA, Ana Luisa Miranda. OS SENTIDOS: VISÃO, AUDIÇÃO, PALADAR, OLFATO E TATO. Disponível em: <http://www.afh.bio.br/sentidos/sentidos1.asp>. Acesso em: 14 set. 2015.
CHIAO, Chuan-chin; CRONIN, Thomas W.; MARSHALL, N. Justin. Eye Design and Color Signaling in a Stomatopod Crustacean Gonodactylus smithii. Disponível em: <http://web.neurobio.arizona.edu/gronenberg/nrsc581/colorvision/stomatopod.pdf>. Acesso em: 14 set. 2015.




NUNES, Letícia Riguetto. A incrível capacidade visual do camarão Mantis. Disponível em: <http://www.petbio.ufv.br/informativo/70/artigo-03.html?KeepThis=true&TB_iframe=true>. Acesso em: 14 set. 2015.