terça-feira, 30 de outubro de 2018

AMAMENTAÇÃO EM Megaptera novaeangliae, COMUMENTE CONHECIDA POR BALEIA-JUBARTE OU BALEIA CORCUNDA.


       De acordo com o livro “A vida dos vertebrados”, os mamíferos atuais possuem duas características marcantes, sendo elas: a) presença de pelos em alguma fase da vida e b) presença de glândulas mamárias. Estas, por sua vez, desempenham um papel muito importante para a construção da história evolutiva da classe mammalia.
      Em muitos aspectos a lactação e o ato de mamar, proveniente da amamentação, foram de extrema importância no surgimento de características da classe mammalia. Segundo Pond (1977), o fechamento do dente e o caractere de difiodontia, ou seja, a arcada dentária surgir com dentes de leite e posteriormente serem substituídos por dentes permanentes indica a presença do leite em mamíferos, pois se o sistema dentário fosse por polifiodontia (sistema de erupções múltiplas da substituição dentária, definição do livro “A vida dos vertebrados”), como ocorre em sinapsídeos não-mammalianos, não haveria oclusão precisa (contato dos dentes de ambos os maxilares quando fechados ou durante os movimentos da mandíbula, o qual é essencial à mastigação), pois os dentes se quebrariam. Para a oclusão precisa os dentes requerem um alinhamento preciso, assim a substituição dentária por uma arcada permanente precede o contato dos dentes posteriores na ação de movimento da mandíbula fechada, por exemplo, a ação realizada pelo ato de mamar. Características estas observadas nos humanos. Nas baleias-jubarte, contudo, tais características adquiridas pelos mammalianos (oclusão precisa e difiodontia) tornam-se indiferente, as baleias verdadeiras possuem cerdas, uma vez que elas não realizam mastigação e o contato com a mama não é continuo.

Figura 1. Arcada dentária humana.


 Figura 2. Cerdas de Baleia.

      O processo de produção de leite acompanha os mamíferos desde o início. Supõem-se que, devido a ligação das glândulas mamárias serem associadas ao pelo, elas façam parte do processo de proximidade das mães com sua prole, pois liberavam feromônios para reconhecimento de sua progenitora, um comportamento bastante visível tanto nos seres humanos, quanto para a baleia-jubarte.
      O processo de lactação cria certa independência da disponibilidade de alimento para filhotes, uma vez que o leite possui proteínas que auxiliam na formação das crias, por exemplo, a disponibilidade de gordura na produção do leite nas baleias corcundas é de 40%, uma vez que os filhotes precisam adquirir uma espessa camada de revestimento de lipídeos, já que são seres de sangue quente em ambientes frios, no caso o mar, e necessitam de meios de manter sua temperatura corporal. Já em humanos o teor de gordura no leite materno é de 4,4 g, pois existe uma necessidade maior de outras vitaminas e proteínas, como zinco e ferro, fornecendo o equilíbrio certo de nutrientes.
       A mecânica da amamentação em humanos exige um contato muito maior do que em baleias, uma vez que em pessoas as mamas são expostas e estão ligadas a necessidade de carregar sua prole nos braços para a amamentação, elas se encontram anteriormente a caixa torácica, superior ao abdômen e inferiormente ao crânio. É constituída por um conjunto de 15 a 20 unidades funcionais conhecidas como lobos mamários, representados por 20 ductos terminais que se exteriorizam pelo mamilo. Além do tecido glandular, é composta por gordura, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, vasos linfáticos e fibras nervosas.
 
 Figura 3. Amamentação Humana.


      Já em baleias-jubarte, o contato da mãe com sua prole, não é de carregamento, é apenas um apoio, onde a mãe oferece a seu filho auxílio no ensinamento de como respirar. Foi observado pelo projeto baleia-jubarte que, durante a amamentação, a fêmea se encontra com o corpo em posição confortável com proximidade a superfície para facilitar o processo de respiração, dentre outras coisas. As glândulas mamárias se distribuem por toda a barriga (da cabeça ao ânus) conseguindo assim realizar a produção de bastante leite.

      As fêmeas possuem as glândulas internalizadas em duas fendas, devido a transição evolutiva dos mamíferos terrestres em aquáticos, sendo esta uma característica que favorece a hidrodinâmica, localizadas cada uma ao lado da abertura genital na parte ventral do corpo, entre o umbigo e o ânus. Durante a lactação das glândulas mamárias, os filhotes dobram a língua fazendo com que o leite saia sob pressão em sua boca para beber o leite excretado. Logo em seguida, o filhote sai para realizar a respiração.


Figura 5. Glândula mamária humana.



 Figura 6. Glândula mamária na Baleia.

      No ser humano a composição anatômica do bebê, como a língua maior em proporção, grandes bochechas ajudam a direcionar o leite para o esôfago, que leva até o estômago, sendo que a epiglote reduz o risco de o mesmo descer pela traqueia, e também leva o bebê a esticar o pescoço o que posiciona o maxilar inferior para frente para aumentar o contato com a mama.

Figura 7. Amamentação Humana.
Fonte:https://nascersuave.wordpress.com/category/amamentacao/



     As diferenças principais entre os dois mamíferos é a exteriorização das glândulas mamárias, nos seres humanos em forma de mamilos, enquanto que nas baleias em questão elas se encontram dentro de fendas, devido ao processo evolutivo sofrido pelas duas espécies, seu habitat, comportamentos e diferentes percepções sobre a amamentação.
 REFERÊNCIAS

A baleia-jubarte, Hábito e ciclos de vida. Disponível em: < http://www.baleiajubarte.org.br/projetoBaleiaJubarte/leitura.php?mp=aBaleia&id=99 > Data de acesso: 14 de outubro de 2018.

BISI, Tatiana. Comportamento de filhotes de baleia jubarte, Megaptera novaeangliae, na região ao redor do arquipélagos dos abrolhos, Bahia (Brasil). São Paulo, 2006. Dissertação para obtenção de mestre em ciências, na área de ecologia.

CICILIANO, Salvatore.  Como funciona a respiração de baleias e golfinhos? – Publicado em 15 de fevereiro de 2016. Disponível em: < http://chc.org.br/acervo/como-funciona-a-respiracao-de-baleias-e-golfinhos/ > Data de acesso: 14 de outubro de 2018.

Mamíferos aquáticos. Disponível em: https://www.mundodosanimais.pt/mamiferos/bryant-austin-baleias/ . Acesso em: 14 de outubro de 2018.

MAMEDE, Natália dos Santos. Movimento de fêmeas e filhotes, Megaptera novaeangliae (BOROWSKI,1781), na área reprodutiva da costa brasileira. UFJF – Pós-graduação em Ciências Biológicas – Mestrado em Comportamento e Biologia Animal. Fevereiro de 2011. Disponível em: < https://repositorio.ufjf.br/jspui/bitstream/ufjf/3037/1/nataliadossantosmamede.pdf > Acesso em: 14 de outubro de 2018.

NICKLAS, Chris. Amamentação oral de bebês. Publicado em 18 de setembro de 2014. Disponível em: < https://www.amamentareh.com.br/fisiologia-oral/ > Acesso em: 13 de outubro de 2018.

NUNES, Teresa, Como baleias amamentam no fundo do mar, disponível em: <http://pontobiologia.com.br/como-baleias-amamentam-fundo-do-mar/ > Data de acesso: 14 de outubro de 2018.

POUGH, F. Harvey, JANIS, Christine M., HEISER, John B. – Vida dos vertebrados, 4ª Edição, Atheneu editora São Paulo, 2008.

Sistemática de mamíferos. Disponível em: < http://sistmamiferos.blogspot.com/p/sistematica-de-mamiferos.html > Acesso em: 15 de outubro de 2018.