sábado, 20 de dezembro de 2014

Variações anatômicas comparando o sistema digestório de equino e humano

Para o abastecimento da energia necessária ao suprimento das diversas atividades realizadas pelos animais, tais como, condução de impulsos nervosos, contração muscular, dentre outras, o organismo necessita da alimentação. O sistema digestório é capaz de modificar os alimentos por processos mecânicos e químicos, que ao serem ingeridos, são degradados em moléculas menores, capazes de serem absorvidas pela parede do trato gastrointestinal, penetrando no sistema vascular sanguíneo e servindo como nutrientes importantes.
O sistema digestório é constituído por um tubo denominado trato gastrointestinal, composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Além do trato gastrointestinal, existem estruturas acessórias que compõem este sistema, como os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Os dentes auxiliam na degradação física do alimento e as outras estruturas acessórias, exceto a língua, produzem ou armazenam secreções que são liberadas no trato através de ductos e são fundamentais para a digestão química.
A língua é uma estrutura acessória do sistema digestório e forma o assoalho da boca, se localizando na cavidade propriamente dita, espaço largo interno aos dentes. No dorso (face superior) da língua, existem pequenas projeções denominadas de papilas linguais, que variam de forma e são responsáveis pelos sabores.
A língua humana (Fig. 1A) apresenta ápice, dorso, corpo, raiz e sulco mediano, que são estruturas e regiões anatômicas também presentes em equinos (Fig. 1B). Uma diferença evidente neste órgão entre os dois animais é o comprimento do corpo da língua, que em equinos é mais alongado.

Figura 1: Língua humana (A) e língua equina (B) em vista anterior.

O estômago humano (Fig. 2A) possui quatro áreas principais: cárdia, fundo, corpo e piloro. A cárdia é a primeira porção do estômago, onde se localiza o óstio cárdico (abertura); o fundo está situado na porção esquerda e acima da porção cárdica; o corpo encontra-se entre o fundo e a porção pilórica; e o piloro, onde se localiza o esfíncter pilórico, apresenta fibras musculares responsáveis por controlar o esvaziamento gástrico e o refluxo do conteúdo duodenal para o estômago. A porção superior do estômago está ligada ao esôfago e a inferior ao duodeno.
Entretanto, no estômago de equinos (Fig. 2B) encontramos características específicas destes animais e outras relacionadas aos humanos. Os cavalos são classificados como animais herbívoros monogástrico, pois apresentam digestão no ceco e no cólon maior, possuindo semelhança com os poligástricos. Seu estômago se localiza na metade esquerda do abdome, com capacidade de até 7 a 15 litros de alimento, enquanto o estômago humano possui capacidade média de 1,5 litros. Além disso, a curvatura menor do estômago dos equinos comparada com a curvatura maior é muito curta, apresentando desta forma, uma aproximação entre cárdia e piloro.
Uma das camadas que constituem a parede gástrica do estômago desses mamíferos é a mucosa, a qual apresenta-se dividida em duas áreas que são classificadas como: secretora ou glandular, e pavimentosa ou não glandular.

     Figura 2: Estômago humano (A) e estômago equino (B) em vista anterior.

Existem doenças que afetam diretamente o estômago e intestino dos equinos, chamadas lesões ulcerativas. Estas ocorrem principalmente na mucosa não glandular, pois nela não se encontra proteção eficiente, o que confirma a prevalência de 80% destas lesões. Esse problema ocorre principalmente pela influência da domesticação, sistemas de manejo, pela criação e esportes hípicos, que assim como em humanos, com suas diversas atividades diárias, causam estresse.

Escrito por Lara Parreira de Souza

Referências consultadas
ARANZALES, J. R. M.; ALVES, G. E. S. O estômago equino: agressão e mecanismos de defesa da mucosa. Ciência Rural, v. 43, n. 2, p. 305-313, fev., 2013.
SIMÕES, J. S. A. Utilização de gastroscopia no despiste da Egus/Suge (equine gastric ulcer syndrome/síndrome de úlcera gástrica equina). 2011. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária), Universidade Técnica de Lisboa, 2011.
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed. Tradução: Edson Aparecido Liberti – São Paulo: Manole, 1991.
TEIXEIRA, F. R. Fundamentos da Anatomia Veterinária. 2010. Disponível em: <http://www.purotrato.com.br/b-revisao-bibliografica-sobre-o-aparelho-digestorio-e-aspectos-sobre-a-digestao-dos-equinos.html>. Acesso em 13 Dez. 2014.
TORTORA, G. J. Corpo Humano: fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Fonte de imagens
Figura 1A: http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm
Figura 1B: http://www.uff.br/webvideoquest/FL/LM26.htm                                                
Figura 2A:
http://www.estudopratico.com.br/sistema-digestorio-humano-orgaos-e-suas-funcoes/
Figura 2B:
http://practicasdeanatomiatopografica.blogspot.com.br/2009/04/practica-7endoscopia-en-equinos.html