segunda-feira, 26 de novembro de 2018

COMPARAÇÃO ENTRE O OLHO HUMANO E O OLHO DE AVES DE RAPINA DIURNAS


O olho é um órgão extremamente complexo e estupendo, uma verdadeira obra prima, e que por vários anos tirava o sono de muitos evolucionistas. Era intrigante e audacioso demais a ideia de que estruturas tão organizadas e que funcionam entre si, que existem de maneira semelhante em espécies completamente separadas no clado, bem como se diferenciam em espécies próximas - onde uma pequena falha em qualquer uma das partes resulta em um distúrbio da visão - teriam surgido de estruturas tão simples como os primeiros órgãos fotorreceptores, ou mesmo que a seleção natural tenha sido a responsável pelo surgimento dos olhos que existem no planeta atualmente.  
O biólogo alemão, Ernest Mayr, por exemplo, afirmou que os olhos surgiram de 40 a 65 vezes de maneira independente nas espécies. Enquanto que Walter Gehring, biólogo suíço, diz que o olho teria evoluído apenas uma vez, pois teria ele feito uma descoberta que o gene (Pax6) controla o desenvolvimento ocular na maioria das espécies existentes. Uma pesquisa do National Geographic, reportagem escrita por Ed Young, afirma que ambos têm razão. Os olhos mais complexos teriam evoluído de seus precursores mais simples, várias vezes. O cubozoário, como foi dado de exemplo pela reportagem, desenvolveu os seus de forma independente dos moluscos, dos vertebrados e dos artrópodes, mas os olhos de todos surgiram dos mesmos fotorreceptores em comum. 






 Figura 1. Esquema do olho humano.




 
 Figura 2. Olho humano.

O olho humano se encontra na frente da face, mas não de maneira tão central quanto em falcões ou águias, por exemplo, é constituído por várias estruturas que funcionam em conjunto, dentro e em redor do globo ocular. Tanto o olho humano quanto o das aves de rapina formam uma câmara onde as ondas de luz são captadas. A camada mais externa do olho humano é onde se encontra a córnea e a esclera (uma fibra de colágeno branco que envolve todo o olho e o protege). Depois existe uma camada vascularizada (onde os vasos ajudam a oxigenar o órgão) formada pela íris, o cório, a coroide e o corpo ciliar. E mais internamente no órgão é onde se encontra a retina, além da fóvea única e a parte nervosa.
Além disso, existe o humor aquoso, que se encontra entre a córnea e o cristalino (uma lente situada atrás da pupila e orienta a luz até a retina, sendo essa composta por células nervosas que levam determinada informação para o cérebro) e o humor vítreo que preenche o espaço interno do globo ocular.

Figura 3. Esquema do olho de uma águia.





 
Figura 4. Olho de uma águia.




Os olhos das aves de rapina são feitos para caçar de cima a velocidades inigualáveis, o segredo para sua incrível visão está em um olho muito bem projetado, elas possuem uma estrutura interna semelhante as dos humanos, no sentido de que existe uma camada externa como a córnea transparente para a proteção e a esclera (sendo essas duas camadas). Possuem duas câmaras no olho, a de frente é preenchida pelo humor aquoso e a posterior pelo humor vítreo.


 

Figura 5. Ângulo de visão de uma ave de rapina.



Fugura 6. Visão humana x visão da águia.



Nas aves de rapina, as fóveas, áreas na retina super-ricas em receptores de luz que são responsáveis pelo ponto de foco e criam a visão binoculada, são duas, e contam com muito mais receptores do que a fóvea única dos seres humanos (65.000 por milímetro quadrado no Kestrel Americano; 38.000 em humanos). Os olhos se encontram na frente, relativamente ao centro, o que ajuda no foco, mas diminui a visão periférica desses animais.
A maioria das células receptoras está conectada a uma única célula ganglionar que leva ao nervo óptico, o que proporciona uma acuidade de visão maior do que nos seres humanos, no qual as células receptoras estão conectadas aos gânglios em feixes.
Além disso, os olhos destas aves não se encontram banhadas por vasos sanguíneos o que ajuda no aumento da acuidade visual, ao invés disso, possuem o pecten, onde acredita-se ser o que oxigena e leva nutrientes aos globos. William Hodos, um professor emérito da Universidade de Maryland que estudou a acuidade visual das aves desde a década de 1970, diz que a visão de foco delas se deve ao fato de que as imagens são refletidas através da córnea e da lente em um campo muito mais denso (aproximadamente 5 vezes maior) e mais claro de fotossensores do que as retinas humanas, o que aumenta o poder de resolver detalhes finos e o poder de resolução.

Figura 7. Estruturas oculares das aves. Cisne (1), Águia, Falcão (2), Coruja (3).



As aves de rapina dependem de uma visão apurada e precisam muito mais de uma visão que foque do que se preocupar com a visão periférica, assim possuem uma visão binoculada muito melhor que as dos humanos. A águia real, por exemplo, consegue ver uma lebre a mais de 3 km de distância. Elas possuem os olhos mais aguçados do reino animal e mesmo a velocidades de até 300 km por hora, conseguem enxergar e acertar sem erro suas presas, sem contar que seus olhos são enormes para o tamanho do animal, essas aves são 50 kg mais leves que os humanos, mas seus olhos possuem o mesmo peso. Na águia-careca os olhos ocupam mais de 50% do volume craniano, sendo que ela pode ajustar voluntariamente a curvatura da córnea, adaptando seu foco rapidamente.


Figura 8. Posição dos olhos do falcão no crânio.  



Escrito por Maria Eduarda  Santos Matias
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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