quinta-feira, 2 de junho de 2016

Coração humano x Coração Paca (Agouti paca)

O coração é a bomba responsável por promover a propulsão do sangue no sistema circulatório. É um órgão muscular oco (sua parede é composta pelo pericárdio, miocárdio e endocárdio), em forma de cone, ficando apoiado sobre o diafragma, e localizado no mediastino entre os pulmões na cavidade torácica. Tendo uma forma piramidal achatada com uma porção mais pontuda, o ápice, e outra oposta, a base.
Possui uma membrana fibroserosa que o reveste e protege, chamado de pericárdio, além de quatro câmaras que são separadas por septos, sendo duas superiores, os átrios direito e esquerdo que recebem o sangue e são revestidas por músculos pectíneos, e duas inferiores, os ventrículos direito e esquerdo que expulsam o sangue, são revestidos por trabéculas cárneas, e onde também estão localizadas as válvulas bicúspide (esquerdo) e tricúspide (direito) ao qual são conectadas aos músculos papilares pelas cordas tendíneas. 

Figura 1 – Coração humano.

Comparando...
O coração da paca (Agouti paca) também é um órgão em forma de cone e se encontra na cavidade torácica, envolto pelo pericárdio. Possui também quatro câmaras separadas por septos, sendo os átrios direito e esquerdo lisos na porção superior, porém apresentando nas aurículas músculos pectinados, e os ventrículos direito e esquerdo na porção inferior, que também apresentam músculos papilares conectados a cordas tendíneas. Além de outras estruturas como seio venoso, fossa oval e valvas atrioventriculares.
Figura 2- Coração paca (Agouti paca)


Escrito por Carolina Monteiro de Almeida

Referências

TORTORA, G. J. Princípios de Anatomia Humana. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Pinheiro Avila, Bruna Helena; Fernandes Machado, Marcia Rita; de Oliveira, Fabricio Singaretti. Descrição anátomo-topográfica do coração da paca (Agouti paca). Acta Scientiae Veterinariae. Porto Alegre Rs: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), v. 38, n. 2, p. 191-195, 2010. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/2821>.
Imagens
Figura 1: https://cursandomedicina.wordpress.com/2015/09/25/o-funcionamento-do-coracao-humano/.

Figura 2: http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/2821/WOS000284357400014.pdf?sequence=1&isAllowed=y

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ardipithecus ramidus Vs Homo sapiens sapiens: Evolução Humana

A história evolutiva dos Seres Humanos, ainda nos dias de hoje, é vista com certa cautela pela sociedade. A interpretação equivocada de que nós teríamos evoluído a partir dos macacos é um conceito perigoso e que distorce a compreensão de como a evolução acontece. Mas  cientistas ao redor do mundo têm feito diversos estudos cada vez mais elucidativos a respeito da nossa história.  A edição de julho/2010 da revista National Geographic traz na capa o que eles intitulam de “o rosto da evolução”, remetendo à descoberta de um fóssil de Ardipithecus ramidus encontrado no Médio Awash, na Etiópia, sendo considerado o mais completo e revelador fóssil já encontrado, e que carrega uma grande riqueza de informações sobre a evolução humana.




 Figura 1: Localização do Médio Awash, Etiópia- África 
Fonte: http://www.datuopinion.com/awash-medio


            Descoberto em 1994 pelo paleoantropólogo norte americano Tim White, o fóssil, de 4,4 milhões de anos, foi apelidado de “Ardi” que significa solo, raiz, no dialeto local e possui algumas características muito distintas, algumas primitivas, e outras avançadas e exclusivas de hominídeos.




             
                                                                                                                                                                         Figura 2: Crânio de Ardipithecus ramidus moldado em resina
Fonte: http://discovermagazine.com/2011/jan-feb/29


Figura 3: Ossada do Ardipithecus ramidus esquerda e ilustração do
Espécime a direita
Fonte: http://www.wired.com/2009/10/ardi-2/



COMPARANDO

1-   Andar bípede - A pelve humana, ao longo de milhares de anos, passou por modificações para adaptar-se ao andar ereto. A pelve de Ardi apresenta sinais de um primata primitivo em pleno processo de humanização. A porção superior da pelve de Ardi é curta e larga e exibe outras características pouco vistas, exceto em hominídeos, mas a porção inferior de sua pelve é como a dos macacos antropoides, com ligamentos de músculos posteriores das pernas, indispensáveis em escaladas. Supõe-se então que o A. ramidus não era um exímio ser caminhante, mas seria possível afirmar que ele era capaz de, tanto caminhar sobre quatro pernas, quanto andar sobre duas pernas.
     Uma das perguntas que os cientistas se fizeram foi se o bipedalismo dos seres humanos teria realmente se desenvolvido a partir do A. ramidus devido à morfologia peculiar de seus pés adaptada pra viver em árvores. Por outro lado, o bipedalismo teria surgido por consequência da necessidade de acasalamento, que se dava no solo.

2-   Pés- A disposição oposta dos dedões do pé de Ardi (figura 4) indica uma ancestralidade em relação aos primatas, algo que já não é visto em “Lucy”, fóssil de Australopithecus afarensis, um milhão de anos mais novo que Ardi. Tal evidência sugere que, devido às pressões naturais e uma recorrente necessidade de um caminhar no solo, esta característica dos dedos do pé alinhados aos demais tenha se tornado mais evidente, visto que isso confere uma força de propulsão e estabilidade ao andar e ao correr.


Figura 4: Sistema esquelético Ar. ramidus
Fonte: http://roberto-furnari.blogspot.com.br/2015/05/evolucao-humana-parte-3-primeiros.html







3-   Dentição-  O cientista Owen Lovejoy, especialista em anatomia comparada, afirma que caninos pontiagudos e afiados (atrito com os dentes inferiores) muito presentes em antropoides vivos e já extintos, eram utilizados como arma contra outros machos. Porém, os caninos encontrados em 21 indivíduos de A. ramidus são menores, muito semelhantes a caninos de hominídeos. Lovejoy afirma que tal modificação poderia ter ocorrido quando, ao invés de disputar com outros machos, o A. ramidus passou a se concentrar em fornecer a(s) sua(s) parceira(s) e prole alimentos calóricos e em troca recebia favores sexuais. Por esse motivo, seus braços passariam a exercer a função de carregar os alimentos, exigindo um progressivo abandono do andar quadrupede. A espessura do esmalte encontrada em sua arcada dentaria encontra-se num nível intermediário entre os chimpanzés e homininios, o que sugere uma dieta alimentar a base de frutos e folhas.




Figura 5: Dentições de, (1) Ser humano; (2) A. ramidus e (3) chimpanzés, todos machos e abaixo, amostras correspondentes do primeiro molar maxilar.
Fonte: Adaptada de http://science.sciencemag.org/content/suppl/2009/10/01/326.5949.69.DC2




4-   Crânio-   A face do A. ramidus apresenta um focinho avantajado (figura 6), dando-lhe uma aparência de um macaco. Detalhes na parte inferior do crânio, por onde os nervos e veias que penetram no cérebro, indicam que o cérebro de Ardi estava posicionado de forma similar aos humanos modernos. Seu rosto e cérebros eram relativamente pequenos, medindo cerca de 350 cm³, algo próximo ao tamanho do cérebro de fêmeas de chimpanzés modernos.   



Figura 6. Vista lateral do crânio de Ardipithecus ramidus
Fonte: http://ib.usp.br/biologia/evolucaohumana/acervo-de-fotos/monos/category/29-ardipithecus-ramidus.html



Figura 7. Crânio de Homo sapiens sapiens
fonte: adaptada de http://veja.abril.com.br/ciencia/neandertais-coexistiram-com-os-humanos-na-europa-por-ate-54-mil-anos/



Conclusão
De fato, este fóssil é de grande importância no que diz respeito a evolução humana, pois ele traz características muito evidentes que poderiam ser a resposta de como nós seres humanos teríamos nos modificado a partir de um ancestral com características tão peculiares. É preciso reconhecer que ainda é cedo para se afirmar com plena certeza que teríamos como ancestral o Ardipithecus ramidus, porém, sabemos que, à medida que o tempo passa, novos fósseis são descobertos, novas tecnologias surgem para auxiliar na identificação desses fósseis, e pouco a pouco as lacunas vão sendo preenchidas.  



 Escrito por Silas Cunha



Referencias
Ardi- humans origins: Disponível em: <http://www.age-of-the-sage.org/evolution/ardi_human_origins.html> Acessado em 27 de maio de 2016 
 Ardipithecus ramidus:  Disponível em:<http://ib.usp.br/biologia/evolucaohumana/acervo-de fotos/monos/category/29-ardipithecus-ramidus.html> Acessado em 27 de maio de 2016
Shreeve, J.  O Rosto da Evolução. National Geographic,  Julho/2010.

Su, D.F. The Earliest Hominins: Sahelanthropus, Orrorin, and Ardipithecus. Nature Education Knowlodge, 4(4):11, 2013.

Suwa, G. et al. Paleobiological Implications of the Ardipithecus ramidus Dentition. Science, 326(5949): 69-99, 2009