terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Didelphis albiventris x Homo sapiens: Órgãos reprodutores, desenvolvimento embrionário, gestação e cuidados parentais.


Didelphis albiventris, conhecido popularmente como gambá-de-orelha-branca, é um gambá brasileiro da classe mammalia e infraclasse marsupialia. Eles são classificados pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Natural (IUCN Red List), como pouco preocupante (LC), por serem bastante adaptados a vida urbana. Sua pelagem é grisalha, com pelos negros misturados aos brancos e as orelhas brancas, os adultos medem aproximadamente 36 à 90 cm e pesam 900 à 2,5 kg. Os gambás-de-orelha-branca são animais onívoros e possuem cauda semipreênsil, além das fêmeas possuir o marsúpio.
Entre os mamíferos existem classificações quanto ao desenvolvimento embrionário, que são três, os monotremados (que tem o desenvolvimento embrionário no ovo), os placentários (que tem o desenvolvimento total dentro da placenta) e os marsupiais (que tem parte do desenvolvimento na placenta e parte no marsúpio).
O marsúpio é uma espécie de bolsa de pele no abdômen, onde se localiza as mamas e onde os filhotes, que nascem prematuros, ficam até o fim de seu desenvolvimento.
    
 
Figura 1. Didelphis albiventris

No geral, o órgão genital masculino dos Didelphis, comparado com o de humanos é constituído por testículos, epidídimos, ductos deferentes, uretra, pênis e glândulas genitais acessórias (próstata e dois ou três pares de glândulas bulbouretrais) e não possuem vesículas seminais, glândulas ampulares e prepuciais, além disso o escroto é pré-peniano. A diferenciação das gônadas nesse gambá se inicia precocemente quando ele ainda tem 1,8cm de comprimento e tem cerca de 9 dias de vida no marsúpio. A temperatura média retal é de 32,0 °C e testicular é de 30,4 °C, havendo, portanto, uma variação de 1,6 °C, e a glande desses animais é bífida. Nos humanos que possuem órgão genital masculino, a temperatura media é de 1° C de diferença e não possuem glande bífida.  Essa diferença de temperatura é o que garante o sucesso da espermatogênese. Os gambas também passam pela fase de puberdade, que é detectada no momento em que tem os primeiros espermatozoides na urina, o aparecimento da glande peniana e o aparecimento de coloração amarela em torno dos pelos. Nos humanos também há a liberação dos primeiros espermatozoides, o desenvolvimento do pênis e aparecimento de pelos na região da virilha.
   
Figura 2. Didelphis albiventris: Testículo(t), Funículo Espermático(fe), Bexiga(b), Uretra Membranosa (m), Pênis (pe),Próstata(pr).2x. Prepúcio(p)

Nas fêmeas de Didelphis, a anatomia dos órgãos genitais se diferencia muito dos outros mamíferos, pois o útero é duplo e paralelo e está completamente separado um do outro, possuindo cada um, um cérvix que se abrem no seio vaginal, que consistem em duas vaginas laterais que se estendem até a pseudovagina que e chegam ao seio urogenital. 

Figura 3. Didelphis albiventris: Bexiga(b),  ovários  (o),  vagina  lateral  (setas),  canal  da  pseudovagina  (*)  e  o  seio  urogenital  (SU).  Em  1B  -Esquema dos órgãos genitais femininos do gambá, vista ventral. Notar o útero duplo (setas cheias), osovários  (O),  as  vaginas  laterais  (setas  finas),  o  ureter  (u),  a  bexiga  (b),  a  pseudovagina  (*)  e  o  seiourogenital (SU).

Quando ocorre a cópula e a fêmea é fertilizada, ocorre o período gestacional médio de 12 dias, e nascendo de 18 a 21 filhotes, que nascem prematuros e precisam completar seu desenvolvimento fora da mãe, com isso os embriões são expulsos e migram para o marsúpio da mãe e se prendem a glândula mamária, entretanto eles não praticam a sucção, pois o leite é injetado mecanicamente em sua faringe. Eles permanecem por mais 70 dias ate saírem da bolsa ficando próximos à mãe e retornando a bolsa quando procuram abrigo ou comida. Em alguns marsupiais ocorre a diapausa, porem nessa espécie ainda não foi comprovada a existência. Anatomicamente, os gambás-de-orelha-branca se diferem muito dos humanos com órgãos reprodutores femininos por terem os seus multiplicados, porém tem presente as mesmas estruturas. Em relação aos embriões, o desenvolvimento só se difere pelo local que, nos gambás ocorre em uma parte é fora da placenta, e nos humanos ocorre todo o desenvolvimento placentário e nos gambas o leite é ejetado enquanto nos humanos é sugado, havendo nos dois cuidados parentais com a prole. 

Figura 4. Desenvolvimento: 25 dias, 35 dias, 44 dias, 51 dias, 75 dias emais que 75 dias da esquerda para a direita.

Escrito por Giulia Fuentes Duarte

Referências:
CÁCERES, Nilton Carlos. Os Marsupiais do Brasil: Biologia, Ecologia e Conservação. 2. ed. Campo Grande: Ufms, 2012. 498 p.

 COSTA-CRUZ, A.C.; MARGARIDO, T.C.C. Características reprodutivas de Didelphis albiventris Lund, 1840 (MAMMALIA-MARSUPIALIA) na região metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil. Arq. Ciên. Vet. Zool. UNIPAR, 6(2): p. 119-126, 2003.

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA: ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO PÊNIS DO GAMBÁ SUL AMERICANO (Didelphis albiventris). Botucatu: Faef, v. 17, jul. 2011. Semestral. Disponível em: <http://www.revista.inf.br/>. Acesso em: 13 out. 2019.

FERNANDA, Bruna. Marsupiais Brasileiros. 2019. Disponível em: <https://www.portaldosanimais.com.br/informacoes/marsupiais-brasileiros/#targetText=Dentre%20as%20classifica%C3%A7%C3%A3o%20existem%20tr%C3%AAs,a%20outra%20parte%20no%20mars%C3%BApio.>. Acesso em: 17 out. 2019.

FERREIRA, Filipe. Fauna Digital do Rio Grande do Sul: GAMBÁ (DIDELPHIS ALBIVENTRIS). Disponível em: <https://www.ufrgs.br/faunadigitalrs/mamiferos/ordem-didelphimorphia/familia-didelphidae/gamba-didelphis-albiventris/>. Acesso em: 14 out. 2019.
Org (Org.). Instituto rã-bugio para conservação da biodiversidade: Mamíferos. Disponível em: <http://www.ra-bugio.org.br/ver_especie.php?id=55>. Acesso em: 20 out. 2019.

 FONSECA, C.C.; NOGUEIRA, J.C.; BARBOSA, A.JÁ.. DIÂMETRO DAS ILHOTAS PANCREÁTICAS DO GAMBÁ Didelphis albiventris EM DESENVOLVIMENTO INTRAMARSUPIAL: (Pancreatic islets diameter of the intramarsupial developing opossum Didelphis albiventris). Archives Of Veterinary Science, Belo Horizonte, v. 7, p.129-134, set. 2002. Disponível em: <https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/viewFile/3992/3232>. Acesso em: 13 out. 2019.

GONÇALVES, Natalia Nardelli et al. Aspectos morfológicos dos órgãos genitaisfemininos do gambá (Didelphis sp.). Revista Usp, São João da Boa Vista, v. 46, p.1-7, 29 jun. 2009. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/bjvras/article/view/26782/28565>. Acesso em: 13 out. 2019.