domingo, 28 de maio de 2017

Capacidade rotacional do pescoço: ser humano x coruja de celeiro

A região cervical da coluna vertebral em seres humanos é composta por sete vértebras cervicais e a interação dessas vértebras com os tecidos adjacentes, posição de nervos, veias, artérias e da morfologia das próprias vértebras e demais arranjos estruturais permitem com que os humanos consigam rotacionar sua cabeça em até 180°.

            Todas possuem um forame vertebral e dois forames transversos (por onde passam as artérias, veias e fiibras nervosas). O diâmetro do forame vertebral não detém alterações morfologias que facilitem o movimento de rotação. Adicionalmente, os forames transversos por onde passam os vasos sanguíneos se situam relativamente afastados da região central (das vértebras), facilitando a ocorrência de lesões com movimentos de rotação abruptos. 



             
 Figura 1 – Vértebra cervical
Disponível em: < http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-esqueletico/coluna-vertebral/caracteristicas-individuais/> Acesso em 11 mai. 2017.




Figura 2 - Pescoço humano
Disponível em: <https://pt.slideshare.net/blendaneiva/artrologia-17870132>. Acesso em: 25 mai. 2017.


Figura 3 – Coluna cervical
Disponível em:< http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-articular/diartroses/articular-coluna-vertebral/>. Acesso em: 25 mai. 2017.

A movimentação da cabeça é dependente de inúmeros fatores, como pôde ser constatado pela anatomia humana. Entretanto, a morfofisiologia da coruja de celeiro (Tyto furcata pratincola) a permite rotacionar sua cabeça em até 270°, um feito impensável para o ser humano. Para que tal mobilidade cervical seja possível, quatro critérios importantes devem ser levados em consideração: O diâmetro do canal vertebral, a protrusão da zigapófise, a distância entre as regiões de articulação das vértebras e a localização de suas artérias.

Figura 4 – Barn owl
                            Disponível em:< https://gifts.worldwildlife.org/gift-center/gifts/species-adoptions/barn-owl.aspx> Acesso em 11 mai. 2017.

A coruja possui quatorze vértebras cervicais, alinhadas em forma de “S”, e seu canal vertebral possui um formato elíptico. A região central da cérvice apresenta um menor diâmetro quando comparada com as regiões caudal e cranial, que apresentam um diâmetro maior, ou seja, não é totalmente preenchida com a coluna espinal, conferindo um importante espaço para a proteção da medula. Durante o movimento de rotação o espaço adicional conferido pela morfologia elíptica é reduzido, de modo que o diâmetro médio lateral de seu canal vertebral é utilizado, ajustando-se à coluna espinal, conferindo um importante espaço para a proteção da medula e, consequentemente, maior liberdade de movimento.




Figura 5 – Região cervical
                              Disponível em:< http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371%2Fjournal.pone.0091653> Acesso em: 11 mai. 2017.




A zigapófise, articulação sinovial cuja função é articular uma vértebra a outra, é o segundo critério para se entender a mobilidade cervical. Em contraste com o diâmetro do canal vertebral a protrusão das zigapófises são maiores na região mediana da cérvice do que nas porções caudal e cranial. Essa característica reduz sua mobilidade, porém, essa redução é compensada pelo seu pescoço em forma de “S”.
                        As vértebras C13 e C14 não dispõem de forame transverso e o mesmo, presente no restante das vértebras cervicais, possui um espaço maior para a passagem das artérias, além de estarem mais próximas da coluna vertebral, diminuindo os danos associados ao movimento de rotação.


Escrito por Gustavo Siconello



Referências Bibliográficas

KRINGS, M. et al. The Cervical Spine of the American Barn Owl (Tyto furcata pratincola): I. Anatomy of the Vertebrae and Regionalization in Their S-Shaped Arrangement. 2014. Disponível em: <http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0091653>. Acesso em: 11 maio 2017.

SALVADOR, S. Revelado segredo da rotação do pescoço das corujas. 2013. Disponível em: <http://www.dn.pt/ciencia/interior/revelado-segredo-da-rotacao-do-pescoco-das-corujas-3028914.html>. Acesso em: 11 maio 2017.

TORTORA, G. J.. Princípios de Anatomia Humana: Coluna Vertebral. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.a., 2007.




Peculiaridades das Respirações Pulmonares: a respiração de cetáceos e humanos

O sistema respiratório humano é dividido em duas porções, a condutora e a respiratória. A porção condutora filtra, umedece e aquece o ar antes que ele chegue aos pulmões e é composta por nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos terminais. Localizada no interior dos pulmões fica a porção respiratória que é composta por ductos alveolares, sacos alveolares, alvéolos e os bronquíolos respiratórios onde ocorrem as trocas gasosas.



           

 Figura 1. Sistema respiratório humano

            Os cetáceos, assim como os humanos, possuem respiração pulmonar e, por serem grupos relativamente próximos, ambos mamíferos homeotérmicos, possuem muitos elementos anatômicos em comum, como a laringe, a traqueia e o próprio pulmão. Uma das principais diferenças estruturais é o espiráculo, que fica localizado na parte mais alta da cabeça dos cetáceos, homólogo ao nariz. Este orifício respiratório se mantêm fechado enquanto o animal esta submerso, para evitar entrada de água. Quando a baleia emerge para respirar, este orifício se abre para absorver oxigênio e para liberar o CO2, que está quente e úmido. Quando liberado, esse ar acaba se condensando quando entra em contato com a atmosfera, o que forma uma grande quantidade de gotículas formando uma coluna de água, bastante reconhecível.




  Figura 2. Sistema respiratório dos cetáceos


Figura 3. Espiráculo

            A grande diferença funcional entre os sistemas é a grande capacidade dos cetáceos de ficarem submersos em grandes profundidades durante grandes períodos de tempo. Esses mamíferos aquáticos conseguem vencer muitas dificuldades que a falta de oxigênio traz, a longo prazo, para o corpo, como o fornecimento de oxigênio para todos os tecidos, o acumulo de dióxido de carbono no sangue, e, por consequência a alteração no pH sanguíneo decorrente do acumulo de dióxido de carbono no sangue. Durante o mergulho os animais entram em apnéia, que é a ausência de respiração; braquicardia, diminuição da frequência cardíaca; a constrição dos vasos periféricos, reduzindo o consumo de oxigênio de tecidos como a pele e a musculatura, aumentando o suprimento de sangue para os órgãos vitais.             
Um ser humano não poderia realizar esse feito, pois não tem controle sobre seus batimentos e seus vasos, e mesmo que possa prender a respiração por um determinado tempo, quando as concentrações de CO2 e H+ começam a se elevar o centro respiratório do encéfalo enviam impulsos estimulando a área inspiratória e forçando a respiração. Então mesmo que uma pessoa consiga prender a respiração durante tempo o suficiente para ficar inconsciente sua respiração ira voltar a ocorrer involuntariamente.  



Escrito por Gabriela Eliza Santos



Referências Bibliográficas

BARRETO, A. Apostila de Nectologia: Mamíferos Marinhos. 2011. 24 f. Monografia (Especialização) - Curso de Oceanografia, Cttmar/univali, Vale do Itajai, 2011. Disponível em: <http://www.zoo.ba.gov.br/wp-content/files/apostila_mamiferos_marinhos.pdf>. Acesso em: 23 maio 2017.

FERRAZ, N.C. C. Adaptações fisiológicas dos mamíferos mergulhadores. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABJBMAB/adaptacoes-fisiologicas-dos-mamiferos-mergulhadores>. Acesso em: 23 maio 2017.


PROJETO BALEIA JUBARTE. A Baleia Jubarte. Disponível em: <http://www.baleiajubarte.org.br/projetoBaleiaJubarte/leitura.php?mp=aBaleia&id=81>. Acesso em: 23 maio 2017.

 RESPIRAÇÃO da Baleia. Disponível em: <http://animais.culturamix.com/curiosidades/respiracao-da-baleia>. Acesso em: 23 maio 2017.

TORTORA, G.J.; NILSEN, M.T.. Sistema Respiratorio. In: TORTORA, Gerard J.; NILSEN, Mark T.. Principios de Anatomia Humana. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan Ltda, 2013. Cap. 23. p. 835-865.

Imagem1: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/sistema-respiratorio.htm
Imagem 2:http://cedoxidos.blogspot.com.br/2010/10/cetaceos.html
Imagem 3: http://www.culturamix.com/cultura/curiosidades-sobre-baleias/