sábado, 14 de fevereiro de 2015

Comparando a paraplegia em homens e cachorros

O sistema nervoso tem por função captar as mensagens e estímulos do ambiente, interpretá-las e arquivá-las, além de elaborar respostas, nas quais podem vir na forma de movimentos, sensações ou constatações.
Este sistema pode ser divido quanto a sua morfologia em central e periférico. O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal, ambos protegidos pelas meninges e pelos ossos da caixa craniana e vértebras, respectivamente. A medula espinhal passa pelas vértebras cervicais, torácicas e lombares no homem (Fig. 1A) e no cachorro (Fig. 1B). Já o sistema nervoso periférico é composto por nervos que se originam no encéfalo (cranianos) e na medula espinhal (espinhais), com a função de conectar o sistema nervoso central com as outras partes do corpo.

Figura 1: Localização da medula espinhal no homem (A) e no cachorro (B).


A paraplegia é resultado de algum tipo de trauma na medula espinhal, danos celulares ou lesões de nervos, desde a região torácica para baixo, sendo altamente impactante tanto no homem quanto em cães. A figura 2 ilustra exemplos de lesão medular torácica nos animais em comparação.

Figura 2: Exemplo de lesão medular torácica no homem (A) e no cachorro (B).
         
    

A medula espinhal é constituída por neurônios e suas longas fibras nervosas. Quando há lesão na coluna, com comprometimento dos neurônios e seus axônios, temos a interrupção dos impulsos nervosos para o cérebro, resultando na perda dos movimentos e da sensibilidade dos membros inferiores (Fig. 3A). Avaliando a secção transversal da medula espinhal (Fig. 3B) encontramos tratos sensitivos no funículo posterior e dos núcleos motores na coluna posterior. É notável que tanto os componentes sensitivos quanto os componentes motores da medula espinhal apresentam uma organização regional definida.

Figura 3: Regiões afetadas na coluna e suas reações (A). Organização anatômica dos tratos e colunas da medula espinhal no homem (B).

    
No homem, quando a lesão atinge a região das vértebras lombares há perda dos movimentos dos membros inferiores, e quando atinge a região torácica tem-se a perda dos movimentos da parte do abdome até os membros inferiores. Já a lesão da região cervical é caracterizada como tetraplegia com ausência total de movimentos. Nos cachorros, quando a lesão atinge a parte toracolombar temos o grau 4 de lesão, na qual o animal perde a sensibilidade e movimentos dos membros inferiores. Quando a lesão atinge a parte lombar há a paraplegia de grau 5, um nível mais avançado da doença na qual há perda de movimentos involuntários de vísceras, membros inferiores e sensibilidade. Já na parte lombossacral há perda dos movimentos dos membros inferiores, caracterizando o grau 2 (Fig. 4).

Figura 4: Animais acometidos por lesão medular e os seus graus.


Escrito por: Nathália Barbar Cury Rodrigues


Referências consultadas
AUTOR DESCONHECIDO. Minha vida. Lesão na medula espinhal. Disponível em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/lesao-na-medula-espinhal. Acesso em: 10 fev. 2015.
AUTOR DESCONHECIDO. Toda matéria. Sistema Nervoso. Disponível em: http://www.todamateria.com.br/sistema-nervoso/. Acesso em: 10 fev. 2015.
HENKE D, VANDEVELDE M, DOHERR MG, STOCKLI M, FORTERRE F. Correlations between severity of clinical signs and histopathological changes in 60 dogs with spinal cord injury associated with acute thoracolumbar intervertebral disc disease. The Veterinary Journal, v. 198, n. 1, p. 70-75, 2013.
MENDES DS, BAHR ARIAS, MV. Traumatismo da medula espinhal em cães e gatos: estudo prospectivo de 57 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, n. 12, p. 1304-1312, 2012.

Fonte das imagens
Figura 1A: http://ceticismo.net/2013/06/27/cientistas-restauram-parte-de-medula-espinhal-lesionada-de-ratos/
Figura 1B: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgQFIpqoI9JAbFGlKiDgmTl8XcIeyZMRsz7KmA6cN1nQCsIsnXZFsnrr_Rrx6AJ2UVUQNiDqD_N0BBcmcS0EZ-Jk-QIk6oT-kt3Zk9m_vbECGcxW2GTpAuoG2YUGAlENwnZpIWWItLig0/s400/clip_image002.jpg
Figura 2A: http://fisioterapia-arteemreabilitar.blogspot.com.br/2010/03/lesao-medular.html
Figura 2B: http://veterinariacomplementar.blogspot.com.br/2012/03/uso-de-acupuntura-no-tratamento-de.html
Figura 3A (modificada): http://www.acessibilidadeinclusiva.com.br/lesao-medular-traumatica-%E2%80%93-objetivos-funcionais/
Figura 3B (modificada):
http://www.bandhayoga.com/images/Blog/spinal_tracts.jpg

Figura 4: Mendes e Bahr Arias, 2012.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Miastenia grave: uma neuropatia compartilhada entre o homem e os cães

A miastenia grave é uma neuropatia periférica caracterizada por um distúrbio neuromuscular decorrente da diminuição ou alteração de receptores do neurotransmissor acetilcolina localizados na placa motora existente entre os nervos motores e as fibras musculares, interferindo na transmissão do impulso nervoso e, consequentemente, na contração muscular, provocando o enfraquecimento dos músculos estriados esqueléticos.

A placa motora, denominada também de junção neuromuscular, situa-se na membrana terminal de um axônio e na membrana pós-juncional do tecido muscular adjacente (Fig. 1).

Figura 1: Localização da placa motora.

Existem duas formas da doença: a autoimune (adquirida) e a congênita. Na autoimune, são direcionados anticorpos contra os componentes da placa motora; enquanto na congênita, os anticorpos produzidos pela mãe passam pela placenta e atingem o feto. Os dois tipos de miastenia grave podem se manifestar no homem e em cães. Nos seres humanos, ela acomete mais mulheres entre 20 e 35 anos. Entretanto, após os 60 anos os homens são os mais acometidos. Já nos cães, há uma ocorrência maior da doença congênita em raças como: Jack Russell terriers, Springerspaniels e Fox terriers de pelo liso (Fig. 2). Já os cães mais velhos, independente da raça, são os mais susceptíveis a essa anormalidade pós-sináptica, em sua forma adquirida.

Figura 2: Raças de cães mais acometidos pela miastenia grave: Jack Russell terriers (A), Springerspaniels (B) e Fox terriers de pelo liso (C).

Ho homem e em cães, a miastenia grave resulta em fraqueza dos músculos esqueléticos do esôfago, da faringe e da laringe, acarretando assim, na fadiga muscular, intolerância a exercícios físicos, megaesôfago (alargamento do esôfago), dificuldade para engolir, hipersalivação, comprometimento da respiração, pálpebras caídas, entre outros problemas.


Escrito por: Letícia Rodrigues Novaes

Referências consultadas
AUTOR DESCONHECIDO. Corpo humano. Miastenia grave. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/mulher-2/miastenia-gravis/>. Acesso em: 1 fev. 2015.
AUTOR DESCONHECIDO. The free dictionary. Disponível em: <http://medical-dictionary.thefreedictionary.com/end+plate>. Acesso em: 4 fev. 2015.
FERREIRA I, SCASSIOTA LF, FERNANDES T. Miastenia grave adquirida. Relato de caso. Resumo apresentado no XIV Congresso Metodista de Iniciação e Produção Científica, XIII Seminário de Extensão, VIII Seminário PIBIC/UMESP. Publicado na  Universidade Metodista de São Paulo, FACSAUDE, Saúde Animal. Disponível em: <https://www.metodista.br/congressos-cientificos/index.php/CM2011/FACSAUDESA/paper/view/2374>.
Disponível em: <https://www.metodista.br/congressos-cientificos/index.php/CM2011/FACSAUDESA/paper/view/2374>. Acesso em: 31 jan. 2015
FONSECA MH, PÊGO-FERNANDES PM. Miastenia grave. Disponível em: <http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/miastenia_gravis.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2015.
MACHADO TV, BRIZZOTTI M. Clinica médica. Miastenia grave em cães. Disponível em: <http://www.animaniacs.com.br/reportagem_caes_e_gatos/reportagem_caes_e_gatos.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2015.
NUCCI A. Miastenia grave. Revista Neurociências, v. 13, n. 3, jul/set, 2005 .


Fonte das imagens

Figura 1 (modificada):
http://s100.photobucket.com/user/maxaug/media/nervoso4.gif.html
Figura 2A: http://dogtime.com/dog-breeds/jack-russell-terrier
Figura 2B: http://www.dogbreedinfo.com/englishspringerspaniel.htm
Figura 2C: http://www.amamoscachorros.com.br/racas/fox-terrier-de-pelo-liso/