A laringe do quati apresenta um vestíbulo
seguido pelas pregas vocais e é composta pelas cartilagens tireoidea, epiglote,
cricóidea e aritenóidea com o processo corniculado. Já a laringe humana é
composta de nove cartilagens, sendo três de forma isolada (cartilagens tireoidea,
epiglote e cricóidea) e três em pares (cartilagens aritenóidea, cuneiforme e
corniculada).
Abaixo analisamos cada cartilagem e comparamos
suas especificidades, tendo como base os resultados de Oliveira e colaboradores
(2012).
Cartilagem tireoidea
Nos quatis, a cartilagem tireóidea (Fig. 1A)
consiste de duas lâminas laterais de cartilagem hialina, que se encontram
ventralmente formando a maior parte do assoalho laríngeo. Consequentemente esta
é a maior cartilagem da laringe no quati. Nos humanos, a cartilagem tireóidea (Fig.
1B) também consiste em duas lâminas fundidas de cartilagem hialina, porém elas formam
a parede anterior da laringe, conferindo-lhe a forma triangular.
Figura 1: Cartilagem
tireoidea do quati (Nasua nasua) (A)
e do homem (B). A: vista superior; B: vista anterior; Ct: cartilagem tireoidea.
Cartilagem epiglote
Nos quatis, a cartilagem epiglote (Fig. 2A)
consiste em uma pequena haste e uma grande lâmina em forma de folha constituída
de cartilagem elástica. Em repouso, a cartilagem epiglótica inclina-se
dorsorrostralmente atrás do palato mole. Nos humanos, a cartilagem epiglote
(Fig. 2B) é um pedaço de cartilagem elástica foliada recoberta por epitélio. A
parte foliada superior e ampla da epiglote está solta e livre para movimentar-se
pra baixo e para cima. Durante a deglutição, a laringe se eleva empurrando a
epiglote para baixo, tampando assim a glote e evitando o fluxo de alimento para
os pulmões.
Figura 2: Cartilagem epiglote
do quati (Nasua nasua) (A) e do homem
(B). A: vista posterior; B: vista posterior; Ce: cartilagem epiglote.
Nos quatis, a cartilagem cricóidea apresenta
um anel e consiste em uma lâmina dorsal expandida (Fig. 3A1) e um arco dorsal
mais estreito (Fig. 3A2), sendo os dois constituídos de cartilagem hialina. Nos
humanos, a cartilagem cricóidea (Fig. 3B) é um anel também constituído de
cartilagem hialina, a qual forma a parede inferior da laringe e está ligada ao
primeiro anel de cartilagem da traqueia, servindo como ponto de referência para
traqueostomia de emergência.
Figura 3: Cartilagem
cricóidea do quati (Nasua nasua) (A)
e do homem (B). A1: vista anterior
da lâmina (L) e da crista (seta); A2:
vista posterior do arco (seta) da cartilagem cricóidea (Cc), bem como a cartilagem
aritenóidea (Ca) e o processo corniculado (Pc); B: vista posterior.
Cartilagem
aritenóidea
Nos quatis, a cartilagem aritenóidea (Fig.
4A) é constituída de cartilagem hialina, tem forma irregular descrita como
piramidal, e possui o processo corniculado que se prolonga dorsomedialmente,
formando a margem caudal da entrada da faringe. Enquanto nos humanos, a
cartilagem aritenóidea (Fig. 4B) acontece em par, com forma triangular, e é
constituída de cartilagem hialina, estando situada na margem súpero-posterior
da cartilagem cricóidea. Além disso, essa cartilagem prende-se às pregas vocais
e aos músculos intrínsecos da faringe.
Figura 4: Cartilagens
aritenóidea e corniculada do quati (Nasua
nasua) (A) e do homem (B). A:
vista superior da cartilagem aritenóidea (Ca) e o processo corniculado (Pc),
bem como do arco (seta) da cartilagem cricóidea (Cc); B: vista posterior.
Cartilagem
corniculada
Nos quatis, a cartilagem corniculada (Fig.
4A) está envolvida no processo de corniculação citado na descrição da cartilagem
aritenóidea. Nos humanos, a cartilagem corniculada (Fig. 4B) também acontece em
par, sendo pedaços cônicos de cartilagem elástica localizados no ápice de cada
cartilagem aritenóidea.
Cartilagem cuneiforme
A cartilagem cuneiforme está presente apenas
nos humanos (Fig. 5). Ela aparece em par e é composta por cartilagem elástica
em forma de bastão. Sua localização é anterior à cartilagem corniculada e é
responsável pela sustentação das pregas vocais e das faces laterais da
epiglote.
Figura 5: Vista posterior da
cartilagem cuneiforme humana.
Escrito por: João
Vitor Marani Amaral
Referências
consultadas
Oliveira,
V. C. et al. Estudo morfológico do sistema respiratório de quati. Biotemas, Biotemas, v. 25, n. 1, p. 81-92, mar.
2012.
Tortora,
G. J. Princípios de anatomia humana.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fonte das imagens
Figuras 1A, 2A, 3A1 e
A2 e 4A:
Oliveira, V. C. et al. Estudo morfológico do sistema respiratório de quati. Biotemas,
Biotemas, v. 25, n. 1, p. 81-92, mar.
2012.
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