domingo, 8 de fevereiro de 2015

Miastenia grave: uma neuropatia compartilhada entre o homem e os cães

A miastenia grave é uma neuropatia periférica caracterizada por um distúrbio neuromuscular decorrente da diminuição ou alteração de receptores do neurotransmissor acetilcolina localizados na placa motora existente entre os nervos motores e as fibras musculares, interferindo na transmissão do impulso nervoso e, consequentemente, na contração muscular, provocando o enfraquecimento dos músculos estriados esqueléticos.

A placa motora, denominada também de junção neuromuscular, situa-se na membrana terminal de um axônio e na membrana pós-juncional do tecido muscular adjacente (Fig. 1).

Figura 1: Localização da placa motora.

Existem duas formas da doença: a autoimune (adquirida) e a congênita. Na autoimune, são direcionados anticorpos contra os componentes da placa motora; enquanto na congênita, os anticorpos produzidos pela mãe passam pela placenta e atingem o feto. Os dois tipos de miastenia grave podem se manifestar no homem e em cães. Nos seres humanos, ela acomete mais mulheres entre 20 e 35 anos. Entretanto, após os 60 anos os homens são os mais acometidos. Já nos cães, há uma ocorrência maior da doença congênita em raças como: Jack Russell terriers, Springerspaniels e Fox terriers de pelo liso (Fig. 2). Já os cães mais velhos, independente da raça, são os mais susceptíveis a essa anormalidade pós-sináptica, em sua forma adquirida.

Figura 2: Raças de cães mais acometidos pela miastenia grave: Jack Russell terriers (A), Springerspaniels (B) e Fox terriers de pelo liso (C).

Ho homem e em cães, a miastenia grave resulta em fraqueza dos músculos esqueléticos do esôfago, da faringe e da laringe, acarretando assim, na fadiga muscular, intolerância a exercícios físicos, megaesôfago (alargamento do esôfago), dificuldade para engolir, hipersalivação, comprometimento da respiração, pálpebras caídas, entre outros problemas.


Escrito por: Letícia Rodrigues Novaes

Referências consultadas
AUTOR DESCONHECIDO. Corpo humano. Miastenia grave. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/mulher-2/miastenia-gravis/>. Acesso em: 1 fev. 2015.
AUTOR DESCONHECIDO. The free dictionary. Disponível em: <http://medical-dictionary.thefreedictionary.com/end+plate>. Acesso em: 4 fev. 2015.
FERREIRA I, SCASSIOTA LF, FERNANDES T. Miastenia grave adquirida. Relato de caso. Resumo apresentado no XIV Congresso Metodista de Iniciação e Produção Científica, XIII Seminário de Extensão, VIII Seminário PIBIC/UMESP. Publicado na  Universidade Metodista de São Paulo, FACSAUDE, Saúde Animal. Disponível em: <https://www.metodista.br/congressos-cientificos/index.php/CM2011/FACSAUDESA/paper/view/2374>.
Disponível em: <https://www.metodista.br/congressos-cientificos/index.php/CM2011/FACSAUDESA/paper/view/2374>. Acesso em: 31 jan. 2015
FONSECA MH, PÊGO-FERNANDES PM. Miastenia grave. Disponível em: <http://www.sbct.org.br/pdf/livro_virtual/miastenia_gravis.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2015.
MACHADO TV, BRIZZOTTI M. Clinica médica. Miastenia grave em cães. Disponível em: <http://www.animaniacs.com.br/reportagem_caes_e_gatos/reportagem_caes_e_gatos.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2015.
NUCCI A. Miastenia grave. Revista Neurociências, v. 13, n. 3, jul/set, 2005 .


Fonte das imagens

Figura 1 (modificada):
http://s100.photobucket.com/user/maxaug/media/nervoso4.gif.html
Figura 2A: http://dogtime.com/dog-breeds/jack-russell-terrier
Figura 2B: http://www.dogbreedinfo.com/englishspringerspaniel.htm
Figura 2C: http://www.amamoscachorros.com.br/racas/fox-terrier-de-pelo-liso/


3 comentários:

  1. Existe alguma forma de tratamento que cura ou pelo menos retarda os sintomas da doença? Tanto para o cão quanto para o homem?

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    1. Olá Bia,
      Segundo o Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, médico neurologista: "Com o decorrer das investigações sobre a doença, descobriu-se que, em alguns pacientes, havia relação entre a miastenia e o timo, uma glândula situada na área superior do tórax, próximo ao coração, cuja função é produzir anticorpos. Em teoria, a retirada dessa glândula faria com que as pessoas produzissem menos anticorpos capazes de alterar a contração muscular. Aquelas que tinham tumor no timo melhoraram da miastenia depois que fizeram a timectomia.

      Atualmente, esse recurso terapêutico é menos empregado do que o uso do remédio que quebra a ação da acetilcolinesterase e favorece a permanência da acetilcolina na junção neuromuscular. Só que seu efeito é sintomático e passageiro. A pessoa toma o medicamento por via oral, às vezes por via endovenosa, os sintomas melhoram, mas algumas horas depois a fraqueza muscular reaparece. Dependendo do indivíduo a dose pode variar de duas, três, quatro, cinco, até oito tomadas por dia. A preocupação é evitar doses em excesso, porque a região precisa funcionar perfeitamente e excesso de acetilcolina pode provocar crise colinérgica, uma crise miastênica. Porém, o remédio em dose certa regula a função da acetilcolina, em dose exagerada, prejudica. Outro recurso farmacológico para tratamento são os corticosteróides, administrados em dosagem maior ou menor de acordo com as necessidades do paciente. Se esse esquema não produzir resposta favorável, existem os imunossupressores, medicamentos mais potentes para diminuir a fabricação de anticorpos. Nas situações críticas, pessoa com fraqueza muscular e respiratória precisa ser internada na UTI para a retirada dos anticorpos circulantes pela técnica da plasmaferese ou para introduzir um medicamento chamado imunoglobulina hiperimune. O problema é que essa droga custa R$200,00 o grama. Um indivíduo que pese 75kg precisa de 150g, portanto, de R$30.000,00 para sair da crise." http://drauziovarella.com.br/entrevistas-2/miastenia-2/

      Mais informações, leia o artigo: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1999000300030
      ou consulte o site da ABC MED http://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/289110/miastenia+gravis+o+que+e.htm

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    2. Sobre os cães e gatos, leia a reportagem: http://www.animaniacs.com.br/reportagem_caes_e_gatos/reportagem_caes_e_gatos.pdf

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