Todos os animais
precisam de matéria-prima e energia para crescimento, manutenção e reprodução.
O alimento, seja ele de origem animal, vegetal ou fontes inorgânicas, é a fonte
que disponibiliza o necessário para a manutenção dessas funções. Grande parte
desse alimento pertence a três grupos principais, as proteínas, os lipídeos e
os carboidratos, todos macromoléculas que inicialmente são degradados em unidades
mais simples para serem absorvidas e fornecerem energia para as funções vitais dos
animais.
A principal função da
digestão é decompor estas macromoléculas em moléculas menores, passíveis de serem
utilizadas pelo corpo. No reino animal existem dois tipos de processos
digestórios, a digestão intracelular e a digestão extracelular. No caso dos organismos
unicelulares, como os protozoários, a
digestão normalmente acontece, por imposição, de maneira intracelular. Nestes
organismos, a digestão acontece dentro de um vacúolo digestivo que recebe
enzimas, por meio de secreção, que promovem a degradação de carboidratos,
lipídeos e proteínas. Caso a membrana desse vacúolo seja rompida, as enzimas
digestivas são lançadas no citoplasma e leva a célula a morte, por autodigestão.
O vacúolo digestivo é a união de um vacúolo que contem o alimento (penetram na
célula por endocitose) e do vacúolo que contem as enzimas. Assim que os
nutrientes essenciais são absorvidos, o que não é utilizado constitui o corpo
residual que é excretado da célula por clasmocitose. Quando esta digestão
envolve componentes da própria célula, o vacúolo é chamado de autofágico.
Um processo semelhante
a este também pode ocorrer em seres pluricelulares, como as esponjas. Nas esponjas, os coanócitos capturam as partículas de
alimento através do colarinho de microvilosidades, formando assim, vesículas
alimentares por pinocitose ou fagocitose e entrega para os amebócitos que por
sua vez levam os nutrientes para todas as outras células (Figura 1 e 2).
Figura
1:
Fluxo de água em uma forma organizada através de esponjas siconóides. Nesse
corte diagramático, as setas retas indicam o fluxo de água. Uma proporção
significativa desse fluxo resulta de redução na pressão hidrostática no ósculo
em virtude do efeito de Bernoulli, produzido pelas correntes transversas de
água (setas onduladas) que fluem sobre o ósculo em alta velocidade. O fluxo de
água é também gerado pela atividade de coanócitos flagelados que recobrem as
câmaras flageladas (e dão a elas seu nome). Os coanócitos são encontrados nas
regiões das câmaras flageladas. A água que entra na esponja através do óstio
passa através das câmaras flageladas e vai para a cavidade mais interna, a
espongiocele. Os nutrientes são então absorvidos por células individuais através
de endocitose (RANDALL; BURGGREN; FRENCH, 2000).
Figura
2:
Coanócito.
Em animais mais complexos, que tem em seu trato digestivo
a presença da boca e do ânus, a digestão é do tipo linha de montagem. Nesse
processo o alimento entra pela boca e o material não digerido sai pelo ânus,
sendo que, a passagem do alimento pelo trato digestivo permite que essa matéria
orgânica sofra uma digestão enzimática e o produto solúvel desse processo seja
absorvido. Nesse caso a digestão é extracelular, pois ocorre no interior do
tubo digetivo, processo ocorrente também nos seres humanos.
A digestão dos
vertebrados como os seres humanos envolvem processos físicos (mecânicos) como a
mastigação, deglutição e movimentos peristálticos e processos químicos
realizados por enzimas secretadas pelas glândulas anexas.
A mastigação e a
deglutição são os primeiros processos mecânicos realizados pelos animais que
possuem dentes e língua respectivamente, esta ultima é responsável também pela
percepção do gosto através das papilas gustativas. Depois de passar pela língua
o bolo alimentar é deglutido para a faringe, que o leva para o esôfago. No
esôfago acontecem contrações involuntárias que levam o alimento para o estômago
e posteriormente para o intestino. A musculatura lisa do tubo digestivo é
inervada pelo sistema nervoso autônomo, que controla o peristaltismo através da
estimulação do sistema nervoso simpático ou parassimpático.
A medida que o bolo
alimentar passa pelo tubo digestivo, acontece também a digestão química dos
alimentos com posterior absorção dos nutrientes. A digestão química começa na boca
com a ação da amilase salivar secretada pelas glândulas salivares que catalisa
a hidrolise de polissacarídeos como o amido, o glicogênio e seus derivados. O
sistema nervoso autônomo é quem faz o controle da secreção salivar por meio de
reflexos nervosos que acontecem quando o alimento entra na boca. Na parede
estomacal existem glândulas que produzem o suco gástrico, substância ácida que
contem enzimas responsáveis principalmente pela digestão proteica. Já no
intestino delgado as principais enzimas atuantes são decorrentes do suco
pancreático que por sua vez é secretado pelo pâncreas. Esse suco digere e/ou
termina de digerir a maioria dos compostos que ainda não foram degradados até o
momento. Por ser rico em bicarbonato ele neutraliza a acidez do bolo alimentar
que acaba de chegar do estômago, permitindo desta forma, que as enzimas
pancreáticas (funcionam em pH ligeiramente alcalino e neutro) atuem.
Outra substância que
participa da digestão química é a bile, ela emulcifica gorduras e é produzida
pelo fígado, considerado órgão anexo do tubo digestório. Além da emulsificação,
os sais biliares solubilizam o que restou da digestão lipídica.
Após a digestão física e
química, os nutrientes serão absorvidos pelas microvilosidades do intestino
delgado. Neste, há uma grande absorção de glicose e aminoácidos e no estômago e
intestino grosso acontece a absorção principalmente da água. Essa absorção, na
grade maioria, acontece por difusão e transporte ativo e em pouca quantidade
por pinocitose.
REFERENCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
SCHMIDT-NIELSEN, K. Fisiologia Animal - Adaptação e Meio Ambiente. 5.
ed. São Paulo: Livraria Editora Santos, 2002.
RANDALL, D.; BURGGREN,
W.; FRENCH, K. E. Fisiologia Animal - Mecanismos e Adaptação. 4. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
BRUSCA, Richard C.
BRUSCA. Gary J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
http://biologia.ifsc.usp.br/bio2/apostila/apost-fisiol-parte4.pdf
Figura 1: RANDALL, D.; BURGGREN, W.; FRENCH, K. Eckert. Fisiologia
Animal - Mecanismos e Adaptação. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
Figura
2: http://pt.static.z-dn.net/files/deb/3c9ecc543f116bc5c161949589f72213.png
Escrito por Rafael Galisa de Oliveira
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