sábado, 20 de dezembro de 2014

Variações anatômicas comparando o sistema digestório de equino e humano

Para o abastecimento da energia necessária ao suprimento das diversas atividades realizadas pelos animais, tais como, condução de impulsos nervosos, contração muscular, dentre outras, o organismo necessita da alimentação. O sistema digestório é capaz de modificar os alimentos por processos mecânicos e químicos, que ao serem ingeridos, são degradados em moléculas menores, capazes de serem absorvidas pela parede do trato gastrointestinal, penetrando no sistema vascular sanguíneo e servindo como nutrientes importantes.
O sistema digestório é constituído por um tubo denominado trato gastrointestinal, composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Além do trato gastrointestinal, existem estruturas acessórias que compõem este sistema, como os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas. Os dentes auxiliam na degradação física do alimento e as outras estruturas acessórias, exceto a língua, produzem ou armazenam secreções que são liberadas no trato através de ductos e são fundamentais para a digestão química.
A língua é uma estrutura acessória do sistema digestório e forma o assoalho da boca, se localizando na cavidade propriamente dita, espaço largo interno aos dentes. No dorso (face superior) da língua, existem pequenas projeções denominadas de papilas linguais, que variam de forma e são responsáveis pelos sabores.
A língua humana (Fig. 1A) apresenta ápice, dorso, corpo, raiz e sulco mediano, que são estruturas e regiões anatômicas também presentes em equinos (Fig. 1B). Uma diferença evidente neste órgão entre os dois animais é o comprimento do corpo da língua, que em equinos é mais alongado.

Figura 1: Língua humana (A) e língua equina (B) em vista anterior.

O estômago humano (Fig. 2A) possui quatro áreas principais: cárdia, fundo, corpo e piloro. A cárdia é a primeira porção do estômago, onde se localiza o óstio cárdico (abertura); o fundo está situado na porção esquerda e acima da porção cárdica; o corpo encontra-se entre o fundo e a porção pilórica; e o piloro, onde se localiza o esfíncter pilórico, apresenta fibras musculares responsáveis por controlar o esvaziamento gástrico e o refluxo do conteúdo duodenal para o estômago. A porção superior do estômago está ligada ao esôfago e a inferior ao duodeno.
Entretanto, no estômago de equinos (Fig. 2B) encontramos características específicas destes animais e outras relacionadas aos humanos. Os cavalos são classificados como animais herbívoros monogástrico, pois apresentam digestão no ceco e no cólon maior, possuindo semelhança com os poligástricos. Seu estômago se localiza na metade esquerda do abdome, com capacidade de até 7 a 15 litros de alimento, enquanto o estômago humano possui capacidade média de 1,5 litros. Além disso, a curvatura menor do estômago dos equinos comparada com a curvatura maior é muito curta, apresentando desta forma, uma aproximação entre cárdia e piloro.
Uma das camadas que constituem a parede gástrica do estômago desses mamíferos é a mucosa, a qual apresenta-se dividida em duas áreas que são classificadas como: secretora ou glandular, e pavimentosa ou não glandular.

     Figura 2: Estômago humano (A) e estômago equino (B) em vista anterior.

Existem doenças que afetam diretamente o estômago e intestino dos equinos, chamadas lesões ulcerativas. Estas ocorrem principalmente na mucosa não glandular, pois nela não se encontra proteção eficiente, o que confirma a prevalência de 80% destas lesões. Esse problema ocorre principalmente pela influência da domesticação, sistemas de manejo, pela criação e esportes hípicos, que assim como em humanos, com suas diversas atividades diárias, causam estresse.

Escrito por Lara Parreira de Souza

Referências consultadas
ARANZALES, J. R. M.; ALVES, G. E. S. O estômago equino: agressão e mecanismos de defesa da mucosa. Ciência Rural, v. 43, n. 2, p. 305-313, fev., 2013.
SIMÕES, J. S. A. Utilização de gastroscopia no despiste da Egus/Suge (equine gastric ulcer syndrome/síndrome de úlcera gástrica equina). 2011. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária), Universidade Técnica de Lisboa, 2011.
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed. Tradução: Edson Aparecido Liberti – São Paulo: Manole, 1991.
TEIXEIRA, F. R. Fundamentos da Anatomia Veterinária. 2010. Disponível em: <http://www.purotrato.com.br/b-revisao-bibliografica-sobre-o-aparelho-digestorio-e-aspectos-sobre-a-digestao-dos-equinos.html>. Acesso em 13 Dez. 2014.
TORTORA, G. J. Corpo Humano: fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Fonte de imagens
Figura 1A: http://www.auladeanatomia.com/digestorio/sistemadigestorio.htm
Figura 1B: http://www.uff.br/webvideoquest/FL/LM26.htm                                                
Figura 2A:
http://www.estudopratico.com.br/sistema-digestorio-humano-orgaos-e-suas-funcoes/
Figura 2B:
http://practicasdeanatomiatopografica.blogspot.com.br/2009/04/practica-7endoscopia-en-equinos.html

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Cartilagens da laringe do quati (Nasua nasua) comparadas com as presentes no homem

A laringe do quati apresenta um vestíbulo seguido pelas pregas vocais e é composta pelas cartilagens tireoidea, epiglote, cricóidea e aritenóidea com o processo corniculado. Já a laringe humana é composta de nove cartilagens, sendo três de forma isolada (cartilagens tireoidea, epiglote e cricóidea) e três em pares (cartilagens aritenóidea, cuneiforme e corniculada).
Abaixo analisamos cada cartilagem e comparamos suas especificidades, tendo como base os resultados de Oliveira e colaboradores (2012).

Cartilagem tireoidea
Nos quatis, a cartilagem tireóidea (Fig. 1A) consiste de duas lâminas laterais de cartilagem hialina, que se encontram ventralmente formando a maior parte do assoalho laríngeo. Consequentemente esta é a maior cartilagem da laringe no quati. Nos humanos, a cartilagem tireóidea (Fig. 1B) também consiste em duas lâminas fundidas de cartilagem hialina, porém elas formam a parede anterior da laringe, conferindo-lhe a forma triangular.

Figura 1: Cartilagem tireoidea do quati (Nasua nasua) (A) e do homem (B). A: vista superior; B: vista anterior; Ct: cartilagem tireoidea.


Cartilagem epiglote
Nos quatis, a cartilagem epiglote (Fig. 2A) consiste em uma pequena haste e uma grande lâmina em forma de folha constituída de cartilagem elástica. Em repouso, a cartilagem epiglótica inclina-se dorsorrostralmente atrás do palato mole. Nos humanos, a cartilagem epiglote (Fig. 2B) é um pedaço de cartilagem elástica foliada recoberta por epitélio. A parte foliada superior e ampla da epiglote está solta e livre para movimentar-se pra baixo e para cima. Durante a deglutição, a laringe se eleva empurrando a epiglote para baixo, tampando assim a glote e evitando o fluxo de alimento para os pulmões.

Figura 2: Cartilagem epiglote do quati (Nasua nasua) (A) e do homem (B). A: vista posterior; B: vista posterior; Ce: cartilagem epiglote.


Cartilagem cricóidea
Nos quatis, a cartilagem cricóidea apresenta um anel e consiste em uma lâmina dorsal expandida (Fig. 3A1) e um arco dorsal mais estreito (Fig. 3A2), sendo os dois constituídos de cartilagem hialina. Nos humanos, a cartilagem cricóidea (Fig. 3B) é um anel também constituído de cartilagem hialina, a qual forma a parede inferior da laringe e está ligada ao primeiro anel de cartilagem da traqueia, servindo como ponto de referência para traqueostomia de emergência.

Figura 3: Cartilagem cricóidea do quati (Nasua nasua) (A) e do homem (B). A1: vista anterior da lâmina (L) e da crista (seta); A2: vista posterior do arco (seta) da cartilagem cricóidea (Cc), bem como a cartilagem aritenóidea (Ca) e o processo corniculado (Pc); B: vista posterior.


Cartilagem aritenóidea
Nos quatis, a cartilagem aritenóidea (Fig. 4A) é constituída de cartilagem hialina, tem forma irregular descrita como piramidal, e possui o processo corniculado que se prolonga dorsomedialmente, formando a margem caudal da entrada da faringe. Enquanto nos humanos, a cartilagem aritenóidea (Fig. 4B) acontece em par, com forma triangular, e é constituída de cartilagem hialina, estando situada na margem súpero-posterior da cartilagem cricóidea. Além disso, essa cartilagem prende-se às pregas vocais e aos músculos intrínsecos da faringe.

Figura 4: Cartilagens aritenóidea e corniculada do quati (Nasua nasua) (A) e do homem (B). A: vista superior da cartilagem aritenóidea (Ca) e o processo corniculado (Pc), bem como do arco (seta) da cartilagem cricóidea (Cc); B: vista posterior.


Cartilagem corniculada
Nos quatis, a cartilagem corniculada (Fig. 4A) está envolvida no processo de corniculação citado na descrição da cartilagem aritenóidea. Nos humanos, a cartilagem corniculada (Fig. 4B) também acontece em par, sendo pedaços cônicos de cartilagem elástica localizados no ápice de cada cartilagem aritenóidea.

 Cartilagem cuneiforme
A cartilagem cuneiforme está presente apenas nos humanos (Fig. 5). Ela aparece em par e é composta por cartilagem elástica em forma de bastão. Sua localização é anterior à cartilagem corniculada e é responsável pela sustentação das pregas vocais e das faces laterais da epiglote.

Figura 5: Vista posterior da cartilagem cuneiforme humana.



Escrito por: João Vitor Marani Amaral


Referências consultadas
Oliveira, V. C. et al. Estudo morfológico do sistema respiratório de quati. Biotemas, Biotemas, v. 25, n. 1, p. 81-92, mar. 2012.
Tortora, G. J. Princípios de anatomia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

Fonte das imagens
Figuras 1A, 2A, 3A1 e A2 e 4A: Oliveira, V. C. et al. Estudo morfológico do sistema respiratório de quati. Biotemas, Biotemas, v. 25, n. 1, p. 81-92, mar. 2012.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Câncer mamário em mulheres e cadelas

O sistema linfático é uma rede de linfonodos, órgãos linfoides, tecidos, vasos e capilares linfáticos que produzem e transportam a linfa. Essa rede se distribuiu por todo o corpo e é um importante componente do sistema imunológico.
Os linfonodos são encontrados em várias partes do corpo, como nas axilas, pescoço e virilha no homem, e abaixo do pescoço, nas axilas, ombros, virilha e na parte traseira das pernas nos cachorros.

Figura 1: Distribuição dos linfonodos na mulher (A) e no cachorro (B).

O linfoma é uma das formas mais comuns de câncer que se dá nos vasos linfáticos, sendo que a doença se desenvolve nos linfonodos e é causada pela multiplicação dos linfócitos malignos nos nódulos linfáticos.
O tumor de mama em mulheres é semelhante ao das cadelas. O surgimento do tumor nos dois animais ocorre devido ao crescimento e reprodução rápida e desordenada das células desse órgão. O câncer ocorre quando essas células cancerosas, através dos vasos linfáticos axilares, chegam aos gânglios mamários, havendo um inchaço nesses gânglios, sendo chamado de nódulo.

Figura 2: Localização de um tumor no quadrante superior da mama da mulher (A) e em uma das mamas esquerdas da cadela (B).

 Para a identificação deste tumor, ambos devem fazer o exame do toque periódico nas mamas, no qual a mulher e o dono do cachorro devem com as pontas dos dedos fazer movimentos circulares envolta da mama. Se identificado algum tipo de caroço, ambos devem procurar um médico ginecologista ou veterinário, respectivamente. Para prevenção, mulheres acima dos 40 anos e cadelas acima dos 8 anos de idade devem fazer mamografia pelo menos uma vez por ano, pois acima dessa idade o risco de tumor é maior.

Escrito por Nathália Barbar Cury Rodrigues

Referencias consultadas
AUTOR DESCONHECIDO. ABC da saúde. Câncer de mama. Disponível em <http://www.abcdasaude.com.br/cancerologia/cancer-de-mama>. Acesso em 29 de Nov. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Aula de Anatomia. Sistema Linfático. Disponível em <http://www.auladeanatomia.com/linfatico/linfa.htm>. Acesso em 25 de Nov. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Ebah. Câncer de mama. Disponível em <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABS6YAG/cancer-mama>. Acesso em 29 de Nov. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Portal do dog. Câncer de mama em cadelas. Disponível em <http://portaldodog.com.br/cachorros/saude/cancer-de-mama-em-cadelas/>. Acesso em 29 de Nov. 2014.
LOPES, BERNARDO. UNIVET. Câncer de mama em cadelas. Disponível em <http://www.univetvitoria.com.br/dicas.html>. Acesso em 29 de Nov. 2014

Fontes das imagens
Figura 1A:  http://asaudeeabeleza.blogspot.com.br/2013/05/linfonodos-ou-nodulos-linfaticos.html
Figura 1B: http://petcare.com.br/blog/ganglios-nodulos-inguas-ou-linfonodos-o-que-e-isso/
Figura 2A: http://curiosonow.blogspot.com.br/2014/05/cancer-de-mama.html
Figura 2B: http://portaldodog.com.br/cachorros/saude/cancer-de-mama-em-cadelas/


sábado, 29 de novembro de 2014

Tipos de sistemas de circulação sanguínea presentes em vertebrados e invertebrados

Ao comparar alguns animais com os seres humanos, em relação ao tipo do sistema de circulação sanguínea, constata-se que existe uma significativa diferença entre eles. Entretanto, há também aqueles que possuem o sistema circulatório semelhante ao do homem. De forma geral, os sistemas circulatórios que podem ser descritos são: aberto, fechado simples e fechado duplo.
 Para ilustrar essa ideia, pode-se utilizar o ser humano, uma vez que este possui circulação predominantemente do tipo fechada dupla (Fig. 1A). Isso é, o sangue circula apenas em vasos sanguíneos e no coração, de maneira unidirecional, em apenas um sentido, e dupla, havendo sangue venoso e arterial que participam das circulações pulmonar e sistêmica.
Na circulação sistêmica, o sangue arterial sai do ventrículo esquerdo por meio da artéria aorta e seus ramos, sendo levado para irrigar todos os órgãos e retorna destes órgãos para o coração através das veias cavas superior e inferior para o interior do átrio direito (CORAÇÃO à TECIDO à CORAÇÃO). Já a circulação pulmonar começa no ventrículo direito, em que através do tronco pulmonar e das artérias pulmonares o sangue chega aos pulmões para ser oxigenado e retorna para o coração pelas veias pulmonares, chegando ao átrio esquerdo (CORAÇÃO à PULMÃO à CORAÇÃO).


Figura 1: Sistemas circulatórios fechado duplo (A) no homem, fechado simples (B) nos peixes, e aberto (C) nos insetos.



Além da circulação fechada, nos seres humanos encontra-se também a circulação aberta no baço. Deste órgão saem e entram vasos, como a veia esplênica e a artéria esplênica, respectivamente. Esta circulação é aberta porque o sangue não circula somente em vasos, mas entra no órgão pelas artérias, desemboca em sinusoides e posteriormente volta para as veias, chegando até o fígado.
 Os equinos são análogos aos seres humanos em relação ao sistema fechado, apenas o nome das veias cavas se difere, sendo veia cava cranial no cavalo e veia cava superior no homem (Fig. 2A), e veia cava caudal no cavalo (Fig. 2B) e veia cava inferior no homem.

Figura 2: Estruturas anatômicas externas do coração do homem (A) e do coração do equino (B). Nota-se nomenclatura diferenciada para as veias cava em ambos os animais.


o sistema fechado simples ocorre em peixes (Fig. 1B), no qual o sangue passa apenas uma vez pelo coração para finalizar o circuito completo. Além disso, somente o sangue venoso circula por esse órgão, diferentemente dos outros sistemas.
Ao analisar os invertebrados, como os artrópodes, verifica-se que eles possuem sistema circulatório aberto (Fig. 1C). O líquido é bombeado pelo coração e periodicamente abandona os curtos vasos, caindo em lacunas corporais chamadas de hemocele, onde ocorrerão as trocas de substâncias de forma lenta entre o líquido e as células. Desse modo, vagarosamente, o líquido retorna para o coração através de um seio pericárdico e de óstios, e esse órgão novamente o bombeia para os tecidos (CORAÇÃO à LACUNAS à CORAÇÃO).


Escrito por Letícia Rodrigues Novaes

Referências consultadas
AUTOR DESCONHECIDO. Anatomia Humana. Baço.  Disponível em: http://medicina-anatomiahumana.blogspot.com.br/2008/12/bao.html. Acesso em 26 nov. 2014.
AUTOR DESCONHECIDO. Só biologia. Peixes. Disponível em: < http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Peixes.php >. Acesso em 25 nov. 2014.
BRUSCA, Richard C. BRUSCA. Gary J. Invertebrados. ed. 2º. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
CARVALHO, N. C. Anatomia do coração. Curso de medicina veterinária. Disponível em: <http://cursomedicinaveterinaria.blogspot.com.br/2011/11/anatomia-do-coracao.html>. Acesso em 20 nov. 2014.
DUARTE, Hamilton Emídio. Anatomia Humana. BIOLOGIA/EAD/UFSC, Florianópolis, 2009. 174 p. Apostila.


Fonte das imagens
Figura 2A (modificada): http://www.nationalcprfoundation.com/wp-content/uploads/2013/12/heart2.png
Figura 2B (modificada): http://www.thinklikeahorse.org/index-5.html

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Diversidades no sistema locomotor: homem versus avestruz

O sistema locomotor, em geral, é constituído por três grandes sistemas: esquelético, articular e muscular, os quais possibilitam os diversos movimentos realizados pelo ser humano e outros animais. O corpo humano pode ser classificado como um sistema complexo, permitindo a realização de forças através da contração muscular, o que faz deste sistema autônomo e independente, realizando desta forma os movimentos.
O sistema esquelético é capaz de dar suporte ao corpo, atuando como arcabouço, movimentação, desempenhando importante papel nos tipos de movimento, proteção, preservando vários órgãos vitais internos de lesões, além de servir também como estoque de vários minerais.
O sistema articular permite que os ossos individualmente possam se unir, ou se articular. De acordo com as classificações, observa-se que 1) as articulações fibrosas são consideradas imóveis, pois há pouco tecido conjuntivo fibroso entre as extremidades dos ossos; 2) nas articulações cartilaginosas, os ossos são unidos por uma cartilagem, que permite realizar movimentos limitados; e 3) as articulações sinoviais são caracterizadas por permitirem grande variedade de movimentos.
O sistema muscular representa cerca de 50% do peso corporal total. Os músculos estão fixados nos ossos, o que permite a movimentação do corpo através da contração e relaxamento deste tecido esquelético.
Apesar de serem descritos separadamente, percebe-se que esses três sistemas estão intimamente ligados, e que a locomoção do corpo, desde o levantamento de uma cadeira, até a corrida de vários quilômetros, depende exclusivamente dessa interligação.
De acordo com a figura 1, nota-se as equivalências anatômicas e funcionais das articulações e ossos entre humanos e aves (avestruz), especialmente em relação aos ossos da cintura pélvica e dos membros inferiores. 

           Figura 1: Comparação dos ossos e articulações da cintura pélvica e membros inferiores entre 
              o homem e o avestruz, em vista lateral.

Um exemplo é o osso tibiotarso no avestruz (Fig. 1), formado pela fusão entre a tíbia e uma fileira proximal dos ossos do tarso. Essa estrutura apresenta-se como o maior osso do membro pélvico, com face lateral à fíbula pouco desenvolvida, articulando-se de maneira proximal com o fêmur. O osso tibiotarso corresponde à tíbia na espécie humana e em outros mamíferos.
Em relação à locomoção, as patas do avestruz são estruturalmente mais adaptadas para os bípedes, pois permitem suportar massa corporal maior e percorrer longas distâncias em maior velocidade. Percebe-se que no avestruz, o tarsometatarso corresponde à junção dos ossos do tarso e metatarso em humanos (Fig. 2). Esta diferença ocorre porque os pés humanos evoluíram com função inicial de segurar galhos e as patas do avestruz com atividade de apoiar, caminhar e correr.

                      Figura 2: Comparação entre os ossos do pé humano e da pata do avestruz.
Escrito por: Lara Parreira de Souza

Referências consultadas
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed. Tradução: Edson Aparecido Liberti – São Paulo: Manole, 1991.
TORTORA, G. J. Corpo Humano: fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4ª ed.
         Porto Alegre: Artmed, 2000.
 AUTOR DESCONHECIDO. Aves em fuga: o que torna as avestruzes tão rápidas?  Disponível em < http://www.scienceinschool.org/2011/issue21/ostrich/portuguese> Acesso em 14 Nov. 2014
LEITE, A. G. B.; SILVÉRIO, L. M. G. S.; SILVA, G. M.; ARAÚJO, A. G. S.; OLIVEIRA, D. Descrição anatômica do esqueleto do avestruz (Struthio camelus): relato de caso. Revista Biotemas, v. 25, n. 4, p. 193-200, 2012.
AUTOR DESCONHECIDO. Deus e a pata do avestruz. Disponível em <http://ciencia.folhadaregiao.com.br/2013/03/deus-e-pata-do-avestruz.html> Acesso em 20 Nov. 2014.

Fonte das imagens
Figura 1: http://www.scienceinschool.org/2011/issue21/ostrich/portuguese
Figura 2: http://ciencia.folhadaregiao.com.br/2013/03/deus-e-pata-do-avestruz.html




                                                                                 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Músculos da mastigação do homem comparados aos do cavalo

Os músculos esqueléticos são estudados pela ciência anatômica chamada de Miologia. Essas estruturas são constituídas por fibras musculares que tem a capacidade de se contrair (diminuindo seu comprimento) e relaxar (alongando-se), estando unidas ao sistema ósseo e resultando em alavancas biológicas que permitem movimento em vários segmentos do corpo.
Os músculos da mastigação, tanto no homem quanto no cavalo, se dividem em duas funções: elevadores e depressores da mandíbula, sendo ambos inervados pelo nervo trigêmeo.

Músculos elevadores
- Masseter
No humano, o músculo masseter é retangular, espesso e forte, com origem na margem inferior do osso zigomático e inserção na face lateral do ramo da mandíbula (Figura 1-A). Sua função é elevar a mandíbula com maior potência e, por isso, está dividido em parte superficial e parte profunda, onde a superficial eleva a mandíbula de momento e a profunda faz a manutenção da oclusão durante longos períodos.
Por outro lado, no cavalo este mesmo músculo tem origem ao longo da crista facial e arcada zigomática, e possui largas inserções na porção caudolateral da mandíbula (Figura 1-B). Ele é um músculo bem desenvolvido, podendo além de elevar a mandíbula, puxá-la para o lado ipsilateral. Sua parte superficial apresenta fibras na vertical, enquanto na parte profunda as fibras seguem orientação ventrocaudal.

Figura 1: Vista lateral dos músculos masseter do homem (A) e do cavalo (B), indicados por seta.


- Pterigoideo
Nos humanos, o músculo pterigoideo medial (Figura 2-A) apesar de menor apresenta as mesmas características do masseter (retangular e inserido no ramo da mandíbula), sendo um músculo de força. Ele está inserido na face medial da região do ângulo da mandíbula, tem origem na fossa pterigoidea e sua inserção descola a mandíbula ligeiramente para frente. Nos equinos, os músculos pterigoideos medial (Figura 2-B) e lateral têm função de elevação, enquanto nos humanos o lateral é um músculo depressor. Além disso, também é um músculo de força, com origem e inserção semelhantes a do masseter, sendo fixados na região medial da mandíbula.

Figura 2: Vista lateral do músculo pterigoideo do homem (A) e vista inferior do mesmo músculo no cavalo (B), indicados por seta.

- Temporal
No homem, o músculo temporal é coberto pela fáscia temporal (Figura 3-A) e tem mais função de movimento do que de força, apesar de ser grande e potente. Com origem no soalho da fossa temporal e superfície medial da fáscia temporal, e inserção no processo coronóide da mandíbula, suas fibras anteriores elevam a mandíbula, enquanto as fibras posteriores são essencialmente retrusoras da mesma. Já no cavalo, este músculo tem por função o encerramento da mandíbula, apesar de ser pequeno e pouco desenvolvido, uma vez que a abertura vertical da articulação temporomandibular é bem limitada (Figura 3-B).

Figura 3: Vista lateral dos músculos temporal do homem (A) e do cavalo (B), indicados por seta.


Músculos depressores: ­­
Os músculos depressores da mandíbula do homem são diferentes dos presentes no cavalo, por exemplo o pterigoideo lateral em humanos e o digástrico em equinos.
O músculo pterigoideo lateral é o único músculo que se dispõe horizontalmente e que se relaciona com a articulação temporomandibular e, por isso, realiza movimento diferente dos outros três músculos, sendo o músculo mais curto da mastigação (Figura 4-A). Ele tem sua origem na parede lateral e superior da fossa infratemporal, e inserção na fóvea pterigoidea do colo da mandíbula. Por outro lado, o músculo digástrico origina-se no osso occipital e se insere na porção caudal da mandíbula. Além disso, apresenta tamanho reduzido devido ao pouco esforço requerido para a abertura mandibular, já que este movimento é favorecido pela ação da força da gravidade (Figura 4-B).

Figura 4: Vista inferior do músculo pterigoideo lateral humano (A) e vista lateral do músculo digástrico equino (B), indicados por seta.


Escrito por: João Vitor Marani Amaral


Referências consultadas
DYCE, K. M. Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 799 p.
MADEIRA, Miguel Carlos. Anatomia facial. Disponível em: <http://odontoup.com.br/anatomia-de-cabeca-e-pescoco/resumo-anatomia-de-cabeca-e-pescoco/#>. Acesso em 6 nov. 2014.
PAULO, Diana Luísa de Oliveira Moreira. A importância da odontologia na prática clínica equina. Universidade técnica de Lisboa; Lisboa 2010. Disponível em: <http://www.sdolivramento.com.br/new/painel/contas/90.pdf>. Acesso em 7 nov. 2014.

Fonte das imagens
Figura 1, 2, 3 e 4A: http://www.auladeanatomia.com/sistemamuscular/atm.htm
Figura 1 e 2B: http://www.resumaodeveterinaria.com.br/2014/01/anatomia-musculos.html

Figura 3 e 4B: DYCE, K. M. Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 799 p.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Comparando o sistema articular do homem e do cachorro

Os ossos do corpo humano e de outros animais são muito rígidos para serem dobrados sem que haja nenhuma ruptura, ou que se quebre. Por isso, as articulações formadas de tecido conjuntivo unem os ossos permitindo o movimento. Nesse sentido, artrologia (artr- = articulação; -ologia = estudo de) se caracteriza como o estudo cientifico das articulações, enquanto cinesiologia (cinesi- = movimento) é o estudo dos movimentos do corpo.
As articulações são classificadas estruturalmente de acordo com suas características anatômicas em fibrosa, cartilaginosa e sinovial. Funcionalmente, também classificamos as articulações em graus de movimentação, podendo ser sinartrose (sin- = juntos), articulação imóvel; anfiartrose (anfi- = dos dois lados), articulação com pouco movimento; ou diartrose, articulação com movimentos amplos.
As articulações fibrosas unem os ossos por tecido conjuntivo fibroso, o qual é rico em fibras colágenas. Esta articulação não possui cavidade sinovial, apresenta pouco ou nenhum movimento e pode ser classificada em três tipos: suturas, sindesmose e gonfose. Ambos os tipos podem ser encontrados no homem e nos caninos.
·         Suturas (Fig. 1) são compostas por uma fina camada de tecido conjuntivo denso e é encontrada predominantemente na região da cabeça. Além disso, são consideradas sinartroses por não apresentarem movimentos. Existem três tipos de suturas: denteada, junção na forma serrilhada, tendo um perfeito encaixe; plana, com as margens das superfícies lisas; e escamosa, com as margens formando um bisel, ficando superpostas.

Figura 1: Suturas no crânio humano (A) e no crânio canino (B).

·         Sindesmose (Fig. 2): há mais tecido conjuntivo fibroso e mais espaço entre os ossos que se formam do que nas suturas, formando ligamentos ou membranas.

Figura 2: Sindesmose na perna do homem (A) entre os ossos: sacro e fêmur, fêmur, tíbia e fíbula, tíbia, fíbula e tarso e tarso e metatarso. Ligamentos e articulações na pata traseira do cachorro (B).
    

·         Gonfose (Fig. 3): é uma articulação imóvel ou sinartrose, em que há um encaixe perfeito em uma depressão óssea, constituída com pouco tecido conjuntivo.

Figura 3: Gonfose em cavidade dentária do homem (A) e em cachorro (B).


As articulações cartilaginosas permitem pouco ou nenhum movimento. Os ossos são unidos por cartilagem hialina ou fibrocartilagem e não há cavidade sinovial. Existem dois tipos: sincondrose e sínfise. Ambos os tipos podem ser encontrados no homem e nos caninos.
·         Sincondrose (Fig. 4): o tecido conjuntivo é cartilagem hialina, a qual é substituída por tecido ósseo no final do crescimento longitudinal do osso.

Figura 4: Sincondrose em costelas no homem (A) e no cachorro (B).


·         Sínfise (Fig. 5): possui pouco grau de movimento, com uma fina camada de cartilagem hialina, e a ligação entre os ossos é feita por um disco plano de fibrocartilagem.

Figura 5: Sínfise púbica em pelve de homem (A) e de cachorro (B).

A articulação sinovial apresenta espaços entre os ossos, a cavidade sinovial, e uma cápsula articular, os quais permitirão grande amplitude de movimentos, também classificada de diartroses. Esta articulação possui cinco elementos constantes: a superfície óssea articular, que é a superfície de contato entre os ossos; a cartilagem articular, que é de cartilagem hialina e se situa na extremidade óssea; a cápsula articular, constituída de membrana fibrosa externa e de membrana sinovial interna; o líquido sinovial, responsável pela lubrificação das articulações para amenizar o atrito; e a cavidade sinovial, espaço preenchido pelo líquido sinovial. As articulações do ombro e do joelho são exemplos de sinovial (Fig. 6).

Figura 6: Exemplos de articulação sinovial no homem. Articulação do ombro com membranas sinovial e fibrosa na junção do úmero e clavícula (A). Articulação do joelho com membrana sinovial, líquido sinovial e ligamentos (B).

    
Além dos elementos constantes, a articulação sinovial também possui os elementos anexos (Fig. 7), representados pelos discos articulares, estrutura fibrocartilaginosa em forma de disco que permite que duas superfícies ósseas articulem; meniscos, estrutura fibrocartilaginosa que forma um disco incompleto agindo como amortecedores de peso; lábio articular, estrutura em forma de anel que amplia a superfície articular; e os ligamentos, ricos em fibras elásticas e colágenas que ajudam na fixação dos ossos articulares, frenando ou limitando os movimentos articulares.

Figura 7: Ligamentos e menisco em joelho do homem (A) e do cachorro (B).


Tanto no homem quanto nos cães, as articulações sinoviais podem ser dividas quanto ao número de ossos, podendo ser simples ou composta; quanto em relação à liberdade de movimento, em dependente ou independente; ou quanto à forma das suas superfícies, em plana, gínglimo, trocóide, selar, elipsóide ou esferóide.

Escrito por: Nathália Barbar Cury Rodrigues


Referências consultadas
FERNANDES, V. Anatomia veterinária – sistema articular. Disponível em <http://pt.slideshare.net/VicenteFernandes/sistema-articular-anatomia-veterinria>. Acesso em 29 out. 2014.
SPENCE, A. P. Anatomia Humana Básica. 2ª ed., São Paulo: Manole, 1991.
TORTORA G. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 9a ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

Fontes das imagens
Figura 1A: http://www.saudeanimal.com.br/linha_superior.htm
Figura 1B: http://anatomiavet2012.blogspot.com.br/
Figura 2A: http://johnniperes.blogspot.com.br/2010/12/articulacao-dispositivo-pelo-qual-dois.html
Figura 2B: http://anatomiavet2012.blogspot.com.br/2012/08/suturas-dos-ossos-do-cranio.html
Figura 3A: http://johnniperes.blogspot.com.br/2010/12/articulacao-dispositivo-pelo-qual-dois.html
Figura 3B: http://www.merckmanuals.com/media/pet/figures/DDD_dog_leg_joints.gif
Figura 4A: http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000084-66e3c67ddc/Sincondrose.jpg
Figura 4B: http://medanimal.blogspot.com.br/
Figura 5A: http://anatomiadescritivaveterinaria.blogspot.com.br/
Figura 5B: http://files.cienciasmorfologicas.webnode.pt/200000085-851d98617e/Sinfise.jpg
Figura 6A: http://medanimal.blogspot.com.br/
Figura 6B: http://slideplayer.com.br/slide/294197/
Figura 7A: http://www.paulojunqueira.com.br/site/joelhos/

Figura 7B: http://www.fisioanimal.com/wp-content/uploads/2011/11/joelho.jpg